Texto mais antiguinho (diário de bordo, ehehehe) que resolvi resgatar...
VIAGEM AO URUGUAY
Este texto ou crônica procurará relatar uma parte de minhas aventuras, reflexões, observações desta minha primeira viagem internacional, ao nosso país vizinho e “hermano” Uruguai, principalmente à cidade de Montevidéu, capital do país, em 2005, quando participei de um congresso de Antropologia. Será dividido em quatro partes, a primeira e a segunda falando sobre Montevidéu, a terceira sobre algumas reflexões sobre o que vi na viagem e por fim, sobre momentos cômicos da viagem e outras coisas bem pessoais. A quem tiver interesse de ler, boa leitura e CONHEÇAM MONTEVIDÉU.
Parte 1: As belezas de Montevidéu
Montevidéu é uma cidade grande, agitada, movimentada como costumam ser cidades deste porte. Fez lembrar muito a capital gaúcha, Porto Alegre. De dia um corre-corre, muito comércio. À noite a “Ciudad Vieja” muito movimentada com “pubs”, barzinhos e muita, muita gente procurando cerveja e diversão. Lembra muito a “Cidade Baixa” de POA. Outra semelhança é que a cidade porta prédios muito antigos. E isso também lembra nossa capital. Porém, Montevidéu comporta mais prédios antigos, mais conservados. Estes prédios chamam muita atenção, sendo realmente atração turística na cidade. Há também, um pedaço da muralha que cercava a cidade logo quando ela foi construída, e na Praça Independência, há o Portal que era a porta de entrada da cidade. E há também muitas praças, com estátuas e chafarizes e muito bem cuidadas também. E a “Cidade Velha” é cercada pelo Porto (el puerto) o que dá uma beleza única ao lugar. Há muitos lugares que resultam em belas imagens fotográficas.
Montevidéu nos dá um exemplo em conservação não apenas em relação às praças e prédios, mas também a natureza. É uma cidade muito arborizada, sendo que, todas as ruas do centro, menos algumas muito movimentadas e com muito comércio, tem as calçadas cobertas de árvores, formando belos túneis verdes. Outra coisa admirável é o potencial artístico da cidade. Teatro, música, dança, artes plásticas, tudo ao ar livre, ampliando o acesso ao patrimônio artístico para todos, indiferente de classes sociais. E muitas dessas atividades artísticas, praticadas em calçadas e praças, eram exercidas por jovens e crianças (como grupos de danças de escolas).
Um exemplo que o Uruguai nos dá é o desconto nas passagens intermunicipais, de 20% para estudantes e 50% para idosos, incentivando assim o turismo dentro do país. Eu e o Guilherme (para quem não conhece, foi meu companheiro de viajem e amigo há alguns anos) conseguimos este desconto viajando de Rivera para Montevidéu, mas não na volta, porque ele é oferecido apenas para estudantes uruguaios. Mas é um desconto que seria muito bem vindo aqui no Brasil. O governo bem que poderia negociar com as empresas de ônibus, ainda mais aqui, que as passagens são tão caras. Nós, estudantes universitários que moramos longe de casa, poderíamos, ao menos, visitar mais vezes nossas famílias.
Uma coisa que chama atenção à parte é a beleza dos homens Uruguaios (confesso que nas mulheres não prestei atenção). Os homens morenos com olhos esverdeados (e de outros tipos também) são por si só uma atração turística. Às vezes andava na rua muito distraída (já sou distraída naturalmente), não sabia para que lado olhar. Por causa disso, quase fui atropelada (algumas vezes). Estes homens tipo Gael García Bernal mexem com a cabeça e as fantasias de qualquer mulher (ou gay)...
Mas já pulando para outro assunto, em Montevidéu, outra atração são as “feirinhas”. A feirinha da “Ciudad Vieja”, vende antiguidades e artesanatos (lembra muito o Brique da Redenção, POA). Porém aí, as coisas são um pouco caras, mas é uma feira de antiguidades (coisas raras, até) ao ar livre. Porém, o que realmente chama a atenção é a feira dominical da Calle Tristan Navajo. É uma feira de quadras e quadras, ao longo de toda a rua e ocupando mais algumas que cruzam pela Tristan Navajo (algo realmente muito grande). Esta feira, visitada por diversas pessoas (mas, tive a impressão, principalmente por classes populares e turistas) vende de tudo que se possa imaginar. Roupas (novas e usadas), calçados, animais de estimação, galinhas vivas ou mortas, flores, antiguidades, artesanatos (de todos os tipos), verduras, ervas, flores, discos (vinil), cd’s, fitas de vídeo cassete, produtos de limpeza e de supermercado (massa, arroz, papel higiênico, sabonete), enfim, uma verdadeira miscelânea, uma variedade sem fim... “Se precisar de alguma coisa vai lá no meu armazém, lá tem de tudo quase tudo tem”... e os preços também são bem variados. É uma atração e também um lugar excelente para compras (eu não pude comprar nada pois aí meu dinheiro já tinha acabado).
Enfim, das coisas belas, turísticas e divertidas de Montevidéu, acho que é isso. Claro, olhando, há sempre mais e cada um tem uma capacidade investigativa para descobrir algo novo na cidade. Agora, vem o que não gostei...
Parte 2: Não existe o paraíso...
A comida em Montevidéu está longe de ser uma culinária deliciosa. Os restaurantes são marcados por fast-foods, como hambúrgueres e, principalmente, pizza. Os uruguaios devem ser maníacos por pizza, pois quase todos os restaurantes são pizzarias. E as pizzas são sempre quadradas. E mais, os preços variam de acordo com o recheio. Em Rivera, por exemplo, a mais barata era só a massa e o molho (só mesmo). Alguém já tinha ouvido falar em pizza sem queijo? Não existe comida em buffet como no Brasil, apenas lanches, e a comida mesmo é servida apenas em combinações não muito variadas, mas em quantidade exagerada. E, apesar de não poder ser considerada cara, a comida também não é das mais baratas. Bem, o preço é razoável, já a qualidade... cheguei no Brasil louca por uma salada! Apenas alguns dias no Uruguai são suficientes para engordar, com tanta gordura e comida pesada. Não sei como este país não tem uma população obesa... eles devem fazer algum tipo de exercício ou ter alguma “adaptação digestora” de gordura no estômago.
Outra coisa louca é o trânsito. Os motoristas parecem meio estressados. Ficam buzinando e reclamando, mesmo quando o carro que está a sua frente não pode andar mais rápido. Acho que pode ser por causa dessa má educação dos motoristas, que em Montevidéu há sinaleiras para motoristas, mas há também as sinaleiras para os pedestres. O que é meio complicado para os brasileiros, acostumados a atravessar a rua em qualquer lugar, mal olhando para os lados. Acho que os brasileiros correm mais riscos de atropelamento nesta cidade. Demoramos a aprender a olhar a sinaleira de pedestres (se é que aprendemos!).
Parte 3: Um país deserto e a pobreza escondida
Cidade turística, Montevidéu se apresenta muito bela e uma cidade rica ao primeiro olhar do visitante. Claro, vê-se alguns pedintes pelas ruas, mas nada que pareça alarmante. Porém, ao circular pela cidade, pode-se ver dois focos de pobreza gritante. Um deles, é logo ao entrar na cidade. Quando se chega de dia e se presta atenção, pode-se ver que a entrada da cidade é cercada por uma espécie de favela, pelo meio da qual percorre um córrego (mais precisamente, um grande esgoto), mal cheiroso. É nessa favela que a cidade esconde alguns de seus pobres aos olhos do turista.
Outro foco de pobreza é o Porto. Nele, e nas encostas de seus prédios e calçadas, encontram-se muitos mendigos dormindo ou conversando, bebendo, enfim, vivendo na rua, tendo ali a sua casa. Mais um ambiente hostil e escondido da beleza da cidade.
Montevidéu, de acordo com o Guilherme, concentra quase metade da população Uruguaia (e claro, onde a população aumenta, aumenta também a desigualdade). De Rivera a Montevidéu, cruza-se o país. E não há cidades. Apenas uma cidade e pequenos povoados. Mas mais de 80% do caminho, digamos, é coberto por campos e mais campos cercados (de acordo com o Guilherme, muitos desses campos pertencem a brasileiros, porque no Uruguai a terra é barata). O Uruguai assim parece um país deserto. E é revoltante porque a maioria destas terras possui apenas uma cerca. Não há plantações, e às vezes, há meia dúzia de gado pastando. Mas são terras e mais terras vazias, protegidas pelo símbolo da propriedade privada. E a América Latina padecendo na pobreza. Colonos sem terra, mendigos sem ter para onde ir, gente sem ter o que fazer para se sustentar, as cidades superlotadas e um país deserto, não cultivado, cercado por proprietários, interessados apenas em acumular terras. Este exagero de campos vazios (porém, um pouco, mas não muito, mais cultivados) pude ver no Brasil, entre Santa Maria e Santana do Livramento. Estes campos fizeram com que eu refletisse mais uma vez da necessidade, e até mesmo da urgência, de uma reforma agrária e também de uma reforma social, pois não adianta dar terra para quem não sabe plantar, ou não dar os insumos, não dar educação e saúde. É necessário um (re) planejamento, uma (re) ocupação, uma (re) distribuição do espaço, tanto urbano quanto rural.
É sempre importante, quando viajamos, não guardar apenas o belo. Devemos refletir sobre os problemas de cada local, comparar com tudo que conhecemos, pensar se há solução... sei lá, não podemos ficar parados. Mesmo quando, ativamente, não podemos fazer nada, devemos pensar os problemas, ter consciência que o mundo não é feito apenas de belas fotografias.
Parte 4: Contando ninguém acredita...
Esta, acredito eu, seja a parte mais engraçada da história. É onde relato coisas que aconteceram comigo. Coisas inusitadas, coisas que deram errado... enfim, todas aquelas coisas que a gente ri muito. Que, se não dá para rir na hora, a gente acaba rindo muito depois. Mas vamos pela ordem dos fatos.
Para começar, uma viagem num ônibus pinga-pinga de Santa Maria à Livramento, com direito a muitas pessoas em pé e criança vomitando perto de nós. O banheiro parecia uma sauna. E o dia estava muito quente.
Chegando em Livramento, as casas de câmbios fechadas e nós só com reais. Mas avistamos uma aberta e fomos logo trocar nosso dinheiro. Chegamos em Livramento seis e pouco da tarde. Nosso ônibus para Montevidéu era só a meia noite e meia. Tínhamos muito para esperar e tínhamos que gastar o menos possível. Eu estava com pouco dinheiro. Pretendia pegar mais em Montevidéu. Imaginei que lá teria Banco do Brasil.
Primeiro, fomos a uma fiambreria, compramos umas rodelas de salame e sentamos na praça internacional para comer. Nem sei porque, mas as pessoas nos olhavam com estranheza. Talvez não seja muito comum duas pessoas sentadas na praça comendo rodelas de salame no cair da noite. Depois, resolvemos caminhar um pouco mais: os free-shoppings estavam todos fechando. Sentamos numa confeitaria / lancheria para tomar uma cerveja (Norteña, recomendo!) de litro que teve que durar muito tempo... depois pedimos uma pizza (foi aí que soubemos que a pizza comum era só a massa e o molho). Pedimos uma um pouco mais incrementada e dividimos. Ficamos nos enrolando esperando o tempo passar. E não passava. Começamos a contar nosso dinheiro para pagar a conta, tentando juntar o que tínhamos em reais, inclusive as moedinhas. Acredito que foram as moedinhas que chamaram a atenção de um senhor que estava ao nosso lado, Eugênio, nosso anjo da guarda naquele dia. Ele se levantou, venho até nós e nos deu 20 reais para pagarmos a conta. Disse que era de Santa Maria e viu que nós éramos estudantes de lá (graças à camiseta do Gui) e que sabia como a vida de estudante era difícil, etc. Só felicidades! Bem, fomos sentar com o senhor Eugênio. Ele nos pagou várias cervejas e quando o Guilherme ia pagar nossa conta com os 20 reais, ele disse que era para a gente guardar o dinheiro, que ele ia pagar tudo. E mais, disse que se quiséssemos pedir mais alguma coisa para comer, podíamos ficar a vontade. Resolvemos não abusar da sorte. De qualquer forma, ele nos pagou a pizza, as cervejas e ainda nos deu 20 reais. Nos despedimos e fomos para a rodoviária, ainda meio sem acreditar.
Bem, os bancos de nosso ônibus pareciam camas e ainda havíamos conseguido o desconto de 20%. Tudo perfeito! Alguma coisa teria que dar errado.
Em Montevidéu fomos procurar um hotel barato que o motorista do ônibus nos havia indicado. Mas estava lotado. Caminhamos quadras e mais quadras e eu cheia de malas, atrás de um hotel. E nada. Resolvemos então seguir em direção ao evento. Foi quando maravilhosamente e muito cansados avistamos um hotel. Incrível, bom, barato e bem localizado. Hotel Platino (Calle Mercedez, próximo a Magallanes, se um dia alguém precisar). Deixamos as malas no hotel ,só poderíamos entrar as 10 e a recém eram 7 horas. Nem é preciso dizer que estávamos fedendo. Estava muito quente. Caminhamos muito e com malas e estávamos a mais de um dia sem banho. Eu evitava ficar muito próxima às outras pessoas.
Bem, meio dia fui procurar o tal Banco do Brasil e advinha... não havia agências no Uruguai inteiro e para ajudar, descobri que meu cartão bancário só funcionava no Brasil, ou seja, não podia sacar dinheiro em bancos internacionais. Eu estava f... Bem, tive que ir numa casa de câmbio e trocar o dinheiro que havia guardado para voltar para Santa Maria (ainda bem que a passagem para Rivera, de volta, já estava comprada). Pensei: quando chegar em Livramento pego mais dinheiro. E aí tive que começar o racionamento. Já separei o dinheiro do hotel. Comia os lanches mais baratos (tinha um trailler que nas hamburguesas, vinha até couve-flor dentro, e o tio que fazia era tão relaxado que não usava luvas e sujou meu troco com maionese. Era tudo com a mão. Bem, este foi o último dia que comi ali), nunca pedia algo para beber. Bebia só água, que era de graça na RAM (reunião de antropologia do mercosul) e no hotel.
Às noites, não saia. Por três motivos: o pessoal de Santa Maria estava em outro hotel e como os celulares não funcionavam, não podíamos nos comunicar e se encontrar; outro é que como muitos de vocês sabem, não saía com o Guilherme porque temos, digamos, gostos diferentes e também porque eu não tinha dinheiro mesmo. Ou saía ou comia. Poxa, mas minhas noites foram bem divertidas. Caminhava, comia um lanche ou bolachinhas (uns biscoitos tipo oriental muito bons e bem baratos) e ficava no hotel olhando Pernalonga, Patolino, Tom e Jerry em espanhol. Não entendia muito, mas já conhecia os desenhos (olhando desde de criança, né). Também alguns desenhos novos que eu ficava tentando entender. E alguns filmes. Olhei de novo “Quatro Casamentos e um Funeral”, com legenda em espanhol (mas lendo eu consigo entender). Lindo este filme. É aquela coisa de nunca desista, de destino, das loucuras e confusões do amor... sei lá. Comédia romântica para alguns pode parecer banal ou tudo igual, mas eu adoro. Faz a gente sonhar. Por que não? Quem disse que a gente nunca pode encontrar esse tipo de amor? Eu já não acreditava, mas mudei de idéia. Resolvi que não vou desistir de tentar amar e o destino é tão surpreendente... Mas isso são coisas que não interessam, pelo menos não aqui.
Na sexta-feira, último dia da RAM, na festa de encerramento. Bem, estava muito divertido. Bebi quatro doses de “grapa com miel” que me deixaram bem tonta. O pessoal de Santa Maria foi embora e o Gui foi pra outro lugar. Fiquei lá, na festa, totalmente sozinha. E meio bêbada. Foi então que fiz amizade com duas meninas muito queridas, muito legais. Ana, de Montevidéu mesmo e Karina, da Argentina. Bebemos cerveja e fomos para um bar da Ciudad Vieja. Bem, até então tinha evitado o portunhol, mas como eu já estava meio alta, falei com elas só em portunhol, misturando um pouco de francês e inglês (strawberry). Não sei se estava me fazendo entender, mas a noite foi muito divertida. Esse é o bom de beber. Eu sou muito tímida, mas graças à “grapa com miel”, fiz duas novas amigas. Trocamos e-mails, claro.
O resto do fim de semana foi divertido. Sábado foi o dia para conhecer a cidade e tirar fotos. E neste dia comi um pouco mais e comprei uns postais. Resultado disso foi que me sobrou bem pouco para almoçar domingo. Mas tudo bem, eu e o Gui trocamos nossas passagens para meio dia de domingo (íamos ir à noite), então era só o almoço. Em Livramento eu teria dinheiro.
Domingo de manhã fomos na feirinha da Calle Tristan Navajo, da qual já falei. Resolvi comer o tal de “Pancho largo”, achando que era tipo um cachorro quente. Esse é outro problema em país estrangeiro. A gente não sabe o que significa as coisas (eu deixei de comer “chivitos”, “pollo” por não saber que era tipo xis e frango, respectivamente) e o pior é que tive azar porque nos restaurantes ou traillers onde fui, as pessoas que atendiam não tinham paciência para explicar e ainda ficavam bravos quando a gente não entendia. Então, deu no que deu. Mas voltando ao “Pancho largo”. Pedi um Pancho e a mulher me entregou um pão mínima coisa maior que uma bisnaga “Seven Boys”, com uma salsinha enorme no meio, com ketchup, mostarda e maionese. Nem um molhinho. Resultado: tive que comer dois (e ainda assim fiquei com fome). E o pior é que os dois saíram mais caro que um “chivitos” ou uma “hamburguesa”. Mas...
Na viagem de volta, um ônibus lindo, o super cama. No meio da viagem nos foi dado um alfajor e um copinho de coca-cola, o que pra mim foi um paraíso. Passou um filme chileno, chamado “Machuca”. Eu não entendia muito o que eles diziam (claro, era em espanhol e não tinha legendas), mas era sobre dois meninos, um rico e um pobre (o Machuca) e mais uma menina pobre e eles eram amigos. Mostrava toda a questão da pobreza, a luta entre nacionalistas e comunistas e a terrível ditadura chilena. Quero olhar de novo, com legendas. Parecia muito bom.
Enfim, chegamos a Rivera, pegamos um táxi (táxi no Uruguai é muito barato), fomos até a imigração, depois a ao terminal bancário em Livramento. Não estava funcionando. Fomos até a agência central (isso era domingo) e também não estava funcionando. Encontramos duas moças que disseram que não havia nenhum banco funcionando e que os telefones também não. A cidade estava em pane. E eu também. Não tinha dinheiro para passagem e nem para comer. E o pior é que o Gui só tinha dinheiro para uma passagem e mais alguns trocados. Ficamos sentados dentro do banco esperando que voltasse a funcionar e nada. Acabou que tive que ficar em Livramento, num hotel, comer na rodoviária (que era perto do hotel) e mandar para minha conta. O Gui veio embora para Santa Maria no ônibus da meia noite. Eu tive que ficar até segunda, quando os bancos voltaram a funcionar e pude finalmente retirar dinheiro, comprar passagem, pagar o hotel, a janta e o almoço de segunda. Peguei o ônibus meio dia e meia, um ônibus desconfortável e quente (e ainda tinha uma criança que volta e meia começava a chorar, sentada dois bancos a minha frente), mas finalmente cheguei em Santa Maria, lá pelas cinco e pouco da tarde. E ainda fui na aula à noite. Mas foi tudo muito bom, de qualquer forma. Uma experiência que valeu a pena. E é errando que se aprende, não é? Nunca mais viajo sem uma quantia mínima de dinheiro e nunca mais como algo sem ter certeza do que é.