queridos pet's

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sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Tudo na mais perfeita ordem, tudo na mais santa paz...

Vem no fim do ano, foi tudo se ajeitando... começar 2010 com dois pés direitos, eheheh...
Além de estar amando sem fim, depois de um longo período em busca de uma luz em minha carreira, depois de muitos concursos em que ocupei a posição de suplência, finalmente as portas do mercado se abriram pra mim... Sou a nova antropóloga contratada pela Secretaria de Cidadania e Assistência Social da Prefeitura de Viamão. Trabalharei na assistência à família carentes e moradores de rua; um trabalho possivelmente difícil, cansativo, mas com certeza muito satisfatório... É temporário, mas é um início... depois de entrar pela primeira vez no mercado, acredito que outras portas se abrirão.
Meu agradecimento a todos que ficaram na torcida nestes dois anos de luta!!!

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Clarice para um dia de chuva...

Trechos de Clarisse Lispector, com todo o seu doce amargo, angústia e solidão, toda a sua beleza, sensibilidade e percepção... Ideal para um dia de chuva!!!

"Haveria um grande silêncio em mim, mesmo que eu falasse"

"O coração tem que se apresentar diante do Nada sozinho e sozinho bater em silêncio de uma taquicardia nas trevas.Só se sente nos ouvidos o próprio coração. Quando este se apresenta todo nú, nem é comunicação, é submissão. Pois nós não fomos feitos senão para o pequeno silêncio, não para o silêncio astral."

..."é só quando esquecemos todos os nossos conhecimentos é que começamos a saber."

" A mais premente necessidade de um ser humano era tornar-se um ser humano."

"Por mais intransmissível que fossem os humanos, eles sempre tentavam se comunicar através de gestos, de gaguejos, de palavras mal ditas e malditas."

"A salvação é pelo risco, sem o qual a vida não vale a pena"


"E era bom.' Não entender ' era tão vasto que ultrapassava qualquer entender - entender era sempre limitado. Mas não entender não tinha fronteiras e levara ao infinito, ao Deus. Não era um não-entender como um simples de espírito. O bom era ter uma inteligência e não entender. Era uma benção estranha como a de ter loucura sem ser doida. Era um desinteresse manso em relação às coisas ditas do intelecto, uma doçura de estupidez."

"Lóri, disse Ulisses, e de repente pareceu grave embora falasse tranqüilo, Lóri: uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi a criadora de minha própria vida. Foi apesar de que parei na rua e fiquei olhando para você enquanto você esperava um táxi. E desde logo desejando você, esse teu corpo que nem sequer é bonito, mas é o corpo que eu quero. Mas quero inteira, com a alma também. Por isso, não faz mal que você não venha, espararei quanto tempo for preciso."

"(...) Sobretudo, pensou ainda, compreende a vida porque não é suficientemente inteligente para não compreendê-la (...)"

"Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil."

"Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento..."

"eu quero morrer com vida"

"Estou a um quase passo de admitir que a vida que levo é um pretexto para ofuscar a vida que não gostaria de ter. Vida como desculpa por existir. E o incrível é que eu não dou o passo. Fico tão imóvel que estar parada é o meu maior movimento. O mais violento. E não consigo sair exatamente daquele lugar onde todas as sensações ocorrem, justamente por estar tão grudada em mim é onde mais dói: na pele. "

"Um coração insensato, que comanda o racional sendo louco o suficiente para se apaixonar. Um furioso suicida que vive procurando relações e emoções verdadeiras(...), um velho coração que convence seu usuário a publicar segredos e a ter a petulância de se aventurar como poeta."

"Não pense que a pessoa tem tanta força assim a ponto de levar qualquer espécie de vida e continuar a mesma. Até cortar os defeitos pode ser perigoso - nunca se sabe qual o defeito que sustenta nosso edifício inteiro... Do momento em que me resignei, perdi toda a vivacidade e todo interesse pelas coisas. Você já viu como um touro castrado se transforma em boi. Ouça: respeite mesmo o que é ruim em você - respeite sobretudo o que imagina que é ruim em você - não copie uma pessoa ideal, copie você mesma - é esse seu único meio de viver. Juro por Deus que, se houvesse um céu, uma pessoa que se sacrificou por covardia ia ser punida e iria para um inferno qualquer. Se é que uma vida morna não é ser punida por essa mesma mornidão."

"Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é possível fazer sentido. Eu não: quero é uma verdade inventada"

"... E se você me achar esquisita, respeite também. Até eu fui obrigada a me respeitar."

"Eu ainda não sei controlar meu ódio mas já sei que meu ódio é um amor irrealizado, meu ódio é uma vida ainda nunca vivida. Pois vivi tudo - menos a vida. E é isso o que não perdôo em mim, e como não suporto não me perdoar, então não perdôo aos outros. A este ponto cheguei: como não consegui a vida, quero matá-la. A minha cólera - que é ela senão reivindicação? - a minha cólera, eu sei, eu tenho que saber neste minuto raro de escolha, a minha cólera é o reverso de meu amor; se eu quiser escolher finalmente me entregar sem orgulho à doçura do mundo, então chamarei minha ira de amor."

"Me deram um nome e me alienaram de mim."

"(...) perder-se também é caminho."

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Combate à Fome

Caros amigos,
A crise econômica agravou a fome e a pobreza nos países mais pobres. Governantes agora querem esquecer o compromisso de destinar USD$20 bilhões ao combate à fome. A Cúpula sobre Alimentação é o momento chave para lembrá-los de sua promessa.Assine a petição:

Assine a petição!


1 em cada 6 pessoas do mundo passam fome todos os dias. Com a crise econômica global a situação só se agravou

Em poucos dias governantes irão se encontrar naCúpula sobre Alimentação em Roma. Porém, a França, Alemanha, Reino Unido, Itália e Japão estão voltando atrás nos USD$20 bilhões prometidos no começo do ano para combate à fome.

Milhões de vidas dependem deste financiamento, por isto não podemos deixar eles esquecerem a sua promessa.Assine a petição abaixo, ela será divulgada em umaação espetacular no Coliseu em Roma na véspera da Cúpula:

http://www.avaaz.org/po/world_hunger_pledges

Há alimento suficiente para todos nós. Porém o número de pessoas sofrendo de fome crônica atingiu o record de1 bilhão este ano.

Centenas de bilhões foram gastos por governos ricos para salvarem bancos, mas mesmo assim o G8 quer reduzir os USD$20 bilhões que seriam investidos na agricultura em países pobres para somente USD$3 bilhões. Isto é um escândalo, considerando os milhões que passam fome no mundo.

A Cúpula de Roma é a nossa melhor oportunidade para pressionar estes países a promoverem a produção de alimentos em pequena escala. Pesquisas mostram que aagricultura intensiva não é eficaz em combater a fome e que tem um alto impacto ambiental.

Nós estamos nos unindo ao grupo anti-pobreza Action Aid e redes de pequenos agricultores para pressionar os governos do G8. Assine a petição para a Cúpula de Roma – cada assinatura será representada na ação no Coliseu:

http://www.avaaz.org/po/world_hunger_pledges

A crise econônica e as mudanças climáticas estão afetando mais duramente os mais pobres. Em momentos como este precisamos manter a união e mostrar que nos preocupamos com aqueles que mais precisam. Assine a petição abaixo:

http://www.avaaz.org/po/world_hunger_pledges

Com esperança,

Luis, Alice, Benjamin, Graziela, Ricken, Pascal, Iain, Paula, Paul, Veronique e toda a equipe Avaaz

Leia mais:

Apóie a campanha contra a fome da Action Aid no Brasil. A Câmara dos Deputados só precisa de uma votação favorável para fazer da alimentação um direito ao alcance de todos os brasileiros. Assine agora a carta aos parlamentares exigindo a aprovação do direito à alimentação na Constituição:
http://www.vencerapobrezajuntos.org.br

Saiba mais sobre a Action Aid:
http://www.actionaid.org.br/

Preço dos alimentos ainda castiga países pobres, diz FAO:
http://www.google.com/hostednews/epa/article/ALeqM5iL_PcavfMQZD46WEbhzF-cEnX4jw

Uma grave insegurança alimentar afeta 31 países, alerta a FAO:
http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5gpzFP8pSBmvAf3lBt4EHsHQTMnOQ

Começa em Roma Fórum Paralelo ao da FAO sobre Segurança Alimentar:
http://www.ansa.it/ansalatinabr/notizie/fdg/200911121725360736/200911121725360736.html

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

os gatos e suas personalidades...

Hoje de manhã levei o Feijão, meu gato ao veterinário... cada vez mais se confirma como é mais difícil ter um gato... enquanto cachorros são subservientes e obedientes, gatos tem personalidade muito própria e só fazem o que querem... Depois de muitos arranhões, a consulta foi tranquila... Ele está com um tumorzinho (espero que nada grave) e terei que lutar com ele por 20 dias, dando remédio duas vezes ao dia... a batalha apenas começou...

terça-feira, 10 de novembro de 2009

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

E chega a tal da segunda-feira...

E Aprendemos

Após um tempo,
Aprendemos a diferença subtil
Entre segurar uma mão
E acorrentar uma alma,
E aprendemos
Que o amor não significa deitar-se
E uma companhia não significa segurança
E começamos a aprender...
Que os beijos não são contratos
E os presentes não são promessas
E começamos a aceitar as derrotas
De cabeca levantada e os olhos abertos
Aprendemos a construir
Todos os seus caminhos de hoje,
Porque a terra amanhã
É demasiado incerta para planos...
E os futuros têm um forma de ficarem
Pela metade.
E depois de um tempo
Aprendemos que se for demasiado,
Até um calorzinho do sol queima.
Assim plantamos nosso próprio jardim
E decoramos nossa própria alma,
Em vez de esperarmos que alguém nos traga flores.
E aprendemos que realmente podemos aguentar,
Que somos realmente fortes,
Que valemos realmente a pena,
E aprendemos e aprendemos...
E em cada dia aprendemos.

Jorge Luis Borges

...

E lá se foi mais um domingo...

sábado, 7 de novembro de 2009

Quintanares (2)





Bilhete

Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve
ainda...

correção de caso...

Para por fim ao assunto.. só pra corrigir o caso... No posts anterior, havia uma narração errada: o agressor / assassino não se matou e está preso. Enfim... Mas hoje é sábado, como dizia Vinícius de Moraes, então, mudemos de assunto...

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Mais indignação...

Voltando ao assassinato comentado no post anterior...
Hoje aumentou ainda mais minha indignação... novamente quando buscava minha prima no colégio, ao passar na frente de um bar(desses botecos de bebuns) vi os homens comentando o caso: mas ninguém faz uma coisa assim por fazer, ela deve ter feito alguma coisa pra ele ou deve ter dito algo!!! Só isso e já é muito. Em primeiro lugar, mais uma vez, vemos parte de nossa sociedade tentando diminuir a culpa do agressor/assassino, final, foi um marido que matou a esposa, então, ela deve ter culpa também. Ou seja, a culpa é repassada para a vítima, já que, desde o princípio, a mulher é a culpa de todo o mal do homem. Em segundo lugar, fazer ou falar alguma coisa que vai contra o que "seu homem" pensa justifica o assassinato. Ou seja, qualquer motivo torpe é uma desculpa para mata-la, afinal ela é mulher e deveria a ele estar submissa. Infelizmente, ainda é assim que pensa boa parte de nossa sociedade; aí estão as raízes do problema, e são elas que devemos cortar. São essas malditas raízes que tentam amenizar, justificar e/ou normalizar um crime tão bárbaro que devem morrer. E já! Para que evitemos mais e mais vítimas desses abusos dos costumes de nossa sociedade machista e hipócrita!!!

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Três casos proximos/ Lei Maria da Penha... Até onde?

Desde 7 de agosto de 2006 entrou em vigor a Lei 11.340, que visa aumentar a proteção de mulheres agredidas e seus depententes, bem como, aumentar a punição aos agressores, não podendo a pena ser substituída por multa, cestas básicas, serviços comunitários ou qualquer outro meio. Todas as medidas de proteção e assistência às vítimas de violência doméstica e familiar deveriam ser tomadas para que se previnisse as barbaridades que ainda vemos e ouvimos todos os dias. Mas sabemos, que mesmo em casos como lesão corporal grave, tentativa de homicídio, etc., os culpados continuam soltos; sabemos quão ineficientes são as medidas de afastamento já que não há como vigiar o agressor 24 horas por dia. Sabemos que não há abrigos para todas as vítimas que precisam de tal auxílio; pior que isso, sabemos que muitas e muitas mulheres não denunciam por medo das ameaças, ou por costume (muitas ainda crêem serem propriedades de seus companheiros e que apanham por que merecem) ou mesmo por pena do agressor, ou por medo de não conseguirem sustentar seus filhos e a si próprias. Há todo um problema de costumes estruturados, onde as a maioria das mulheres ainda estão submetidas a uma sociedade patriarcal, e, por mais que leis e tratados internacionais tentem mudar isso, a voz da tradição fala mais alto e, mesmo juízes, ainda acreditam que, ou a mulher mereceu ou que o agressor não apresente realmente uma ameaça. Além do mais, ainda prevalece o ditado: "em briga de marido e mulher não se mete a colher", e aí, aqueles que poderiam ajudar e/ou denunciar, ficam de fora, fingindo que nada aconteceu ou acreditando que o casal deve resolver o problema sozinho...
Venho neste assunto por um fato que aconteceu hoje, aqui em minha cidade, e que me trouxe a tona outras duas história bem próximas.
Infelizmente, o caso de hoje chegou ao extremo. Ao buscar minha prima de 9 anos na escola hoje meio dia, fiquei sabendo que o padrasto de sua colega, também de 9 anos, havia matado a mãe da menina e logo em seguida se matado. Na escola, os professores contaram as crianças (talvez para evitar um trauma, mas não sei até que ponto isso é bom...) que a mãe havia falecido num acidente. Às 6h e pouco da manhã, enquanto a mãe esperava o ônibus para ir trabalhar, após, mais uma vez ter apanhado e colocado o marido alcoólatra, possessivo e violento para fora de casa, ela foi atacada por ele, com 3 facadas. Ainda foi levada ao hospital, mas não resistiu aos ferimentos. Como acontece bastante nesta cidade interiorana de origem alemã, ele se enforcou logo em seguida. Deixam mais 2 órfãos nesse mundo (uma menina de 9 anos e um menino de 7) que se criarão com esse trauma. Como a cidade é pequena, detalhes da história se espalham rápido: a jovem (ela tinha, disseram, menos de 30 anos) apanhava constantemente, já havia tentado deixar do marido várias vezes, ele já havia tentando matá-la três vezes, até que chegou ao ocorrido de hoje de manhã. Se ele já havia tentado matá-la três vezes, por quais motivos ele não estava preso? Essa frouxidão na aplicação da lei, deixou nesta manhã dois mortos e dois pequenos órfãos.
O segundo caso, também é na cidade e também é recente. Há cerca de dois meses atrás, outra jovem de 25 anos, que fora minha amiga de infância, após se separar do marido, com quem tem uma filha, foi perseguida por ele e pega em uma emboscada. Ele a estrangulou e só a soltou porque, após ela desmaiar, ele acreditou que ela estava morta. Ela já recebia ameaças desde a separação, mas, assim como sua família, por ele nunca ter apresentado comportamento agressivo, não acreditaram que faria alguma coisa. Contudo, mesmo depois de registrar ocorrência e de vê-lo não se mostrando nem um pouco arrependido da tentativa de homicídio, ela decidiu não prosseguir e deixa-lo solto, para evitar traumas na filha. Contudo, ela não pena no trauma muito maior que será, caso ele venha a tentar mais uma vez cumprir com suas ameaças e consiga, como no caso acima. Foi dada a ele uma ordem de afastamento de 100m, mas ele anda tranquilamente por toda a cidade.
Um terceiro caso, é ainda mais próximo, aconteceu em minha família. A jovem apanhou do marido (do qual finalmente se separou há cerca de 3 anos) por mais de 15 anos, desde o início do relacionamento. Muitas vezes, os filhos também foram vítimas de agressões. Ela tentou deixa-lo algumas vezes e foi ameaçada de morte e quando, finalmente deixou, ele tentou mata-la, tirando sobre ela um botijão de gás. Ela denunciou e, segundo conta, queria seguir nos trâmites legais para que ele fosse preso, mas, devido a ineficiência da polícia e da justiça, nada conseguiu. Ele ameaçou que uma dia ainda irá matá-la. Não fez mais nada nos últimos anos, mas conhecendo o ex-marido, com tantos anos de convivência, ela já disse algumas vezes que acredita que o dia que morrer, será pelas mãos dele; ela acredita que ele irá cumprir com sua ameaça.
São três casos, três história, três vidas de três mulheres que sofreram com a violência doméstica. Três agressores que não foram devidamente punidos. Será que tanta luta de movimentos feministas, da própria Maria da Pena, acabarão em pizza, como muita coisa neste país? Tememos acreditar que sim. Mas é necessário que mudemos os rumos dessas histórias. Devemos lutar e enfrentar nossos agressores, não na força física, mas exigindo que se cumpra a lei. Se ela existe e nos promete rigor e segurança, devemos exigir isso dela. Devemos deixar a submissão para o passado opressor e mostrar que mudamos, como os tempos, e que estamos prontas para reagir e exigir, a qualquer custo. Não sejamos mais vítimas, nem mesmo as próximas vítimas. Exigir nossos direitos é o mínimo que podemos fazer.

Para ler a Lei Maria da Penha na íntegra, acesse:

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Adeus ao Gran-Mestre Lévi-Strauss





Morre aos 100 anos o antropólogo Lévi-Strauss

Do UOL Notícias*
Em São Paulo

O etnólogo e antropólogo estruturalista belga Claude Lévi-Strauss morreu na noite de sábado para domingo (1º) aos 100 anos, de acordo com um porta-voz da Escola de Estudos Avançados em Ciências Sociais de Paris, na França. As informações são do jornal francês "Le Monde".

Nascido em Bruxelas, na Bélgica, Lévi-Strauss foi um dos grandes pensadores do século 20. Ele, que completaria 101 anos em 28 de novembro, tornou-se conhecido na França, onde seus estudos foram fundamentais para o desenvolvimento da antropologia. Filho de um artista e membro de uma família judia francesa intelectual, estudou na Universidade de Paris.

De início, cursou leis e filosofia, mas descobriu na etnologia sua verdadeira paixão. No Brasil, lecionou sociologia na recém-fundada Universidade de São Paulo, de 1935 a 1939, e fez várias expedições ao Brasil central. É o registro dessas viagens, publicado no livro "Tristes Trópicos" (1955) que lhe trará a fama. Nessa obra ele conta como sua vocação de antropólogo nasceu durante as viagens ao interior do Brasil.

Exilado nos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), foi professor nesse país nos anos 1950. Na França, continuou sua carreira acadêmica, fazendo parte do círculo intelectual de Jean Paul Sartre (1905-1980), e assumiu, em 1959, o departamento de Antropologia Social no College de France, onde ficou até se aposentar, em 1982.

O estudioso jamais aceitou a visão histórica da civilização ocidental como privilegiada e única. Sempre enfatizou que a mente selvagem é igual à civilizada. Sua crença de que as características humanas são as mesmas em toda parte surgiu nas incontáveis viagens que fez ao Brasil e nas visitas a tribos de indígenas das Américas do Sul e do Norte.

O antropólogo passou mais da metade de sua vida estudando o comportamento dos índios americanos. O método usado por ele para estudar a organização social dessas tribos chama-se estruturalismo. "Estruturalismo", diz Lévi-Strauss, "é a procura por harmonias inovadoras".

Suas pesquisas, iniciadas a partir de premissas linguísticas, deram à ciência contemporânea a teoria de como a mente humana trabalha. O indivíduo passa do estado natural ao cultural enquanto usa a linguagem, aprende a cozinhar, produz objetos etc. Nessa passagem, o homem obedece a leis que ele não criou: elas pertencem a um mecanismo do cérebro. Escreveu, em "O Pensamento Selvagem", que a língua é uma razão que tem suas razões - e estas são desconhecidas pelo ser humano.

Lévi-Strauss não via o ser humano como um habitante privilegiado do universo, mas como uma espécie passageira que deixará apenas alguns traços de sua existência quando estiver extinta.

Membro da Academia de Ciências Francesa (1973), integrou também muitas academias científicas, em especial européias e norte-americanas. Também é doutor honoris causa das universidades de Bruxelas, Oxford, Chicago, Stirling, Upsala, Montréal, México, Québec, Zaïre, Visva Bharati, Yale, Harvard, Johns Hopkins e Columbia, entre outras.

Aos 97 anos, em 2005, recebeu o 17o Prêmio Internacional Catalunha, na Espanha. Declarou na ocasião: "Fico emocionado porque estou na idade em que não se recebem nem se dão prêmios, pois sou muito velho para fazer parte de um corpo de jurados. Meu único desejo é um pouco mais de respeito para o mundo, que começou sem o ser humano e vai terminar sem ele - isso é algo que sempre deveríamos ter presente".




Selecionei uma citação, um trecho que me marcou muito, da grande obra prima, literatura antropológica com ênfase poética, Tristes Trópicos:

"As arestas vão se arredondando, pedaços inteiros desabam; os tempos e os lugares se chocam, se justapõem ou se invertem, como os sedimentos deslocados pelos tremores de uma crosta envelhecida. Determinado pormenor, ínfimo e antigo, prorrompe como um pico, enquanto camadas inteiras de meu passado afundam sem deixar rastro". (Claude Lévi-Strauss, Tristes Trópicos)