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segunda-feira, 31 de maio de 2010

Somos todos remanescentes?

Pra ser brasileiro agora precisa gostar de samba e comer feijoada?

Pra ser alemão tem que tomar choppe e comer linguiça?

Pra ser russo precisa tomar vodka e usar chapéu de pelo?

Pra ser escossês precisa usar kilt e tomar uísque?

Não? Então por que tanta gente teima que pra ser índio tem que estar de cocar, fazer dança da chuva, andar nú, só se casar com alguém da tribo, entre tantas outras exigências absurdas?

O que leva a exigir uma unificação, uma representação estereotipada de uma cultura e não de outra?

Cada cultura é dinâmica e assimila diversos elementos dos demais grupos com os quais convivem, não perdendo, por isso, sua particularidade. Mesmo que muita gente não aceite, com as comunidades indígenas não é diferente. E não é porque usam roupas industrializadas (ou como alguns teimam, "roupas de brancos"), cultuam diversas religiões ("de branco"?) e assimilam novos traços, que deixam de ser índios. O que faz crer que nós podemos mudar, eles não? O que faz crer que o índio tem que ser igual ao que era quando os portugueses chegaram aqui para que sejam realmente índios? Qual o poder da "sociedade branca" para exigir que não haja mudança, para dizer o que é e o que não é índio? Empowerment indígena, já!

Apenas uma breve reflexão com a qual cada um pode pensar o que quiser. Dica de leitura:

http://www.scielo.br/pdf/mana/v3n1/2455.pdf

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-93131997000200004

http://www.scielo.br/pdf/mana/v4n1/2426.pdf

sábado, 29 de maio de 2010

Luiz Marenco

Cheguei agora do show do Luiz Marenco e minha alma, por isso, se encontra leve e feliz...

Pra o Meu Consumo
Luiz Marenco
Composição: Letra: Gujo Teixeira Música: Luiz Marenco
Têm coisas que tem seu valor
Avaliado em quilates, em cifras e fins
E outras não têm o apreço
Nem pagam o preço que valem pra mim
Tenho uma velha saudade
Que levo comigo por ser companheira
E que aos olhos dos outros
Parecem desgostos por ser tão caseira
Não deixo as coisas que eu gosto
Perdidas aos olhos de quem procurar
Mas olho o mundo na volta
Achando outra coisa que eu possa gostar
Tenho amigos que o tempo
Por ser indelével, jamais separou
E ao mesmo tempo revejo
As marcas de ausência que ele me deixou..
Carrego nas costas meu mundo
E junto umas coisas que me fazem bem
Fazendo da minha janela
Imenso horizonte, como me convém
Daz vozes dos outros eu levo a palavra
Dos sonhos dos outros eu tiro a razão
Dos olhos dos outros eu vejo os meus erros
Das tantas saudades eu guardo a paixão
Sempre que eu quero, revejo meus dias
E as coisas que eu posso, eu mudo ou arrumo
Mas deixo bem quietas as boas lembranças
Vidinha que é minha, só pra o meu consumo...

Ressábios
Luiz Marenco
Composição: Gujo Teixeira / Luiz Marenco
Qualquer dia desses vou sentar a sombra
De um tarumã copado que eu mesmo plantei
Repensar a vida cuidar meus ressábios
E fazer com gosto as coisas que eu sei
Vou mandar embora tudo o que não serve
E largar pro campo os de lombo judiado
Vou bater as brasas e apertar o mate
Só pra ver de longe quem tá do meu lado
Quero ver se o tempo se acomoda um pouco
Porque falta um tempo pra eu chegar no fim
Só cuido da vida e mesmo assim me perco
O que dirão os outros que falam de mim
Quem sabe de mim sou eu mesmo e basta
Não bebo da água onde uns lavam a alma
Nem espero as sobras pra matar minha fome
Porque faço tudo do meu jeito em calma
Pra quem é amigo eu alcanço um mate
Pra quem não é desses eu sirvo também
Uns com jujos n'água pra matar a sede
Outros bem amargo como me convém
Qualquer dia desses ainda me dou conta
Que ando cansando meu pingo do andar
Porque sei que a estrada só se faz de rumos
E quem sabe dele não vai nos contar
Quero ver se o tempo se acomoda um pouco
Porque falta um tempo pra eu chegar no fim
Só cuido da vida e mesmo assim me perco
O que dirão os outros que falam de mim
Quem sabe de mim sou eu mesmo e basta
Não bebo da água onde uns lavam a alma
Nem espero as sobras pra matar minha fome
Porque faço tudo do meu jeito em calma
Porque faço tudo do meu jeito em calma

sexta-feira, 28 de maio de 2010

poemas e bizarrices para sexta-feira que não é santa...

Hoje é sexta!!!

Ouço um sorriso dizer:
Hoje é sexta-feira!!!
A sexta-feira é santa
É doce como o mel
Porque a todos encanta.

Passa a menina prá escola feliz
Diz ao telemóvel:
Hoje é sexta-feira!
Que belo dia para combinar
A brincadeira.

O poeta sente no ar a alegria
De quem passa.
Porque hoje é sexta-feira
O sorriso tem outra graça.

É sexta! É sexta! É sexta!
Vamos amanhã descansar,
Sim! Quem trabalha não é nenhuma besta
Por enquanto ainda tem direito a folgar.

Aires Plácido
10.11.06



Porque Hoje é Sexta-Feira Santa

Para Vinicius de Morais

Porque hoje é sexta-feira
E toda semana é santa
Saiamos para a noite brasileira
Vamos molhar a garganta

Porque hoje é sexta-feira
E o sedentarismo se agiganta
Convidemos a mulher companheira
Para a noitada que se levanta

Porque hoje é sexta-feira santa
Eu peço logo uma cerveja
A mulher pede uma fanta
Eu a chamo de Musa, de Tigreza
Ela me chama de obeso, de anta
Eu a quero de sobremesa
Ela me provoca pra janta
Porque hoje é sexta-feira santa

E ouviremos de Adoniran a Noel
E acordaremos no motel
Porque o Brasil é o nosso céu
Corrupção, Carnaval, escarcéu
Bela lua e um estupendo sol
Novela, contrabando, futebol
Terra que emana leite e mel

Cantemos o samba da Gaviões da Fiel
E representemos bem o nosso papel
De bons noiteadeiros
De alegres baladeiros
Nessa noite que a brisa beija e balança bem brejeira
Porque somos brasileiros
E é santa, a sexta-feira

Porque hoje é sexta-feira
E a semana foi sedentária
Porque a lua tá ali rueira
E a esperança extraordinária
Brindemos a paixão brasileira
Bebamos a turma inteira
Cerveja gelada e farra hilária
Brahma, Skol, Antártica, Bavária

Porque hoje é sexta-feira
Deixemos as estatísticas e ações de lado
Desfraldemos nossa bandeira
Esqueçamos a violência, o banzo, o fado
E com o coração decantado
Em nosso cordão encarnado
Vivamos a boêmia seresteira
Porque hoje é sexta-feira e não sábado

Porque hoje é sexta-feira
Eu que não sou besta
Vou fugir pra balada
Vou cair na gandaia

Se a sexta-feira é santa
A noitada me encanta
Com a cerveja gelada
É camarão, MPB, praia

Porque hoje é sexta-feira
Vou descansar da luta da semana inteira
E vou curtir, contar piadas, namorar

Com a turma fuzarqueira
E a minha doce e suave mulher-bandeira
Com a celeste túnica prateada do luar

Vou comer petisco
Vou sambar arisco
Vou subir na mesa
Vou sorrir alumbrado
Vou pendurar o fiado
Espantar a tristeza

Porque hoje é sexta santa
Vou procurar viver, me recuperar
Se a batalha da vida é tanta
O fim de semana se agiganta
Vou ser feliz, sorrir, bebemorar

-Porque hoje é sexta-feira
Abençoados sejam os humildes
-Porque hoje é sexta-feira
Viva o povo brasileiro
-Porque hoje é sexta-feira
Corinthians, tende piedade de nós
-Porque hoje é sexta-feira
Ninguém segura esse país
-Porque hoje é sexta-feira
Deus nos livre do buraco do Metro
-Porque hoje é sexta-feira
Vade retro PCC, seqüestro relâmpago
-Porque hoje é sexta-feira
Vamos abraçar os amigos, a mulher
-Porque hoje é sexta-feira
Em São Paulo é um salve-se quem puder...

Minha terra tem feriado e zorra
De amalgamados cor de café
Não permita Deus que eu morra
Sem que a minha lágrima escorra
Inundando o rio Itararé...

Porque depois é sábado de ressaca
E a bendita boêmia continua
Aspirina com água mineral paca
E fazer dura caminhada na rua
Supermercado, sacolão, carne de vaca
E de novo à noite a luz da lua
Porque no sábado o poeta acentua
O prelúdio que a sua alma empaca

Sexta-feira e sábado se misturam
Amor e prazer logo se procuram
Os sentimentos novos se depuram
Baralho, pipoca, filme, bingo
Até que se arvora o domingo
Aí é macarrão caseiro na sogra
Cunhada, fofoca e toma xingo
Mas a semana logo se redunda
E amargaremos a chata segunda
Mas no outro final de semana me vingo
E surge de novo a bendita sexta-feira santa
Que a dura semana de dureza suplanta

Porque será sexta-feira de novo
E sairemos do arroz com chuchu e ovo
E estaremos com o nosso povo
Churrasco, baile, forfé, caipirinha
Forró, sertanejo, MPB, modinha
E farra novamente a noite inteirinha

Saravá, Poetinha

Porque toda sexta-feira é santa
Vamos outra vez nos reunir, relaxar
E a companheira que nos imanta
Contra a impunidade, chope e bar

Para encarar essa longa espera
Só no Orkut de toda a galera
Tomar viagra, sonhar, fugir enfim
Da herança maldita do Alckmin

.........................................................

Um poeta sobrevivendo canta
A curtição vivida por inteira
Por isso toda sexta-feira santa
Vamos espantar a bobeira
Caiamos na noitada faceira
Vamos brincar, molhar a garganta

Porque toda sexta-feira é santa
Viva a gandaia geral brasileira!


Silas Correa Leite
E-mail: poesilas@terra.com.br


quinta-feira, 27 de maio de 2010

...

Ninguém mais comenta nada aqui, então hoje vou me revoltar e não vou procurar nada pra colocar e nem escrever nada, além dessa frase...

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Música Gaúcha Social e Política

João Chagas Leite é um cantor e compositor gaúcho, nascido em Uruguaiana. Entre os temas que canta, vemos uma constância de letras de cunho crítico, político e social. Cresci ouvindo "Ciranda" e sei que ela despertou em mim boa parte da minha vontade de luta. João Chagas Leite poderia ser adotado como mais uma voz dos movimentos sociais. Leiam e prestem atenção nas letras a seguir:

Ciranda

João Chagas Leite

É bem mais fácil, para alguém falar em flores
Quando o destino, fez de pétalas seu ninho
É bem mais doce, não sentir amargas dores
Tendo mil rosas a enfeitar o seu caminho

Porém nem todos, têm destinos semeadores
E a primavera, a bem poucos acalanta
Quem nada faz, muitas vezes colhe as rosas
Deixando apenas, os espinhos pra quem planta

Quem planta terra, cala a voz perante o forte
Ergue muralhas de riquezas e vaidades
Se faz a hora de erguermos vozes tantas
Pois se levanta uma nova realidade

Vamos dar as mãos nesta nova ciranda
Forjando junto um porvir bem mais risonho
Onde a injustiça, sejam rastros repisados
Já apagados, pela rosa azul dos sonhos

Vamos dar as mãos, e abrir as portas do coração
Pra um amanhã, claro e seguro
Embora o ontem, tenha sido flores mortas
Pois nunca é tarde pra quem quer plantar futuro

Alerta De Sangue

Vaine Darde / João Chagas Leite
Canção / Guarania

Esses homens que caçam que atiram e que matam
Fazendo da morte esporte e lazer
Não sabem por certo que um dia por perto
Os campos desertos também vão morrer.

E em cada estampido das armas fatais
Há um mundo perdido na vida que cai.

Vai ser temporada de caça outra vez
Lá vem espingarda, matança outra vez
Em cada espécie que aos poucos se some
Também morre um pouco da vida do homem

Falado:

No vôo detido das tardes do sul
Agoniza ferido um pedaço de azul
E a vida que prende ao eco de um bang
Nos deixa no verde um alerta de sangue.

Marcha Dos Aflitos

Vaine Darde / Jão Chagas Leite
Huapango

Os favelados dos descasos dos palácios
Ergueram cantos de famintos esperanças
E o batalhão marchara de pés descalço
Pedindo a queda do cabresto e da ganância.
Pois a bandeira da miséria desfraldada
Tremula colorida de remendos
Clamando terra pras insônias enxadas
Mostrando aos fortes que o amor venceu o medo.

Então as gaitas e violões pelas esquinas
Ecoarão fazendo oficio a voz do povo
Mostrando ao mundo que a América Ltina
Se descortina pouco a pouco um tempo novo.

As aldeias exiladas sobre as pontes
Se unirão aos horizontes das marquises
Encorporando aos aflitos e os errantes
Num batalhão esfarrapados de infelizes.
Mas a vaidade dos anéis, estrelas e luas
E a indiferença do poder em loucas mãos
Serão vencidos pela fome nua e crua
Para que em fim a liberdade seja pão.

Meninos Latinos

Meninos latinos paridos sem teto
Sem trato, sem tino famintos de afeto
Piratas da vida, heróis vagabundos
Sem ida, nem vinda perdidos no mundo.

Que pena tão jovens já órfãs de trato
Lavando automóveis, polindo sapatos;
Batendo carteiras, roubando maçã
Passando rasteira no próprio amanhã.

São craques da bola de olhos tristonho
Sentem na cola um cheiro de sonho
Sentem na cola um cheiro de sonho.
Mas pobres garotos por fatalidade
São simples aborto da mãe sociedade,
São simples aborto da mãe sociedade.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Dicas de sites

Gostaria de indicar alguns sites úteis e interessantes.
O primeiro deles é o "Estante Virtual", um site que reúne sebos e livrarias de todo o Brasil, no qual se podem comprar os mais variados livros por preços bem acessíveis:
www.estantevirtual.com.br

Neste mesmo sentido há também o Sebos OnLine:
http://www.sebosonline.com/

Outro site é o Scielo, que reúne artigos de diversos periódicos, das mais variadas áreas das ciências:
www.scielo.br

Mais um para pesquisa e leituras diversas, inclusive muitas obras da literatura mundial, além de teses e dissertações, é o Domínio Público:
www.dominiopublico.gov.br

E por último, o site da Biblioteca Nacional, instituição pública responsável por todas as publicações e registros autorais que se faz no país. É aí que podemos registrar obras, composições, letras de músicas, poemas, contos, artigos, teses e dissertações, etc.
www.bn.br

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Entre Caios, Tons e Renatos... (3)

Hoje eu ouvi uma música do Renato Russo que faz tempo que eu não ouvia... Possivelmente pelo momento que estou vivendo, de incertezas, esperanças e reflexões, essa música nunca havia me parecido tão bela e tão verdadeira...

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Disse tudo!!!!

Morador da Comunidade Quilombola Ivaporunduva-SP, sobre as restrições ambientais impostas à comunidade:

"Com os pequeno eles agem. O grande que faz aquela desmatação não. Os pequeno é o que eu te disse, mas os grande que fazem as coisas exagerado é livre. Isso que eu acho que é uma coisa é uma lei que não é misturada essa lei. Porque uma lei executiva ela tem que ser para os grandes e pequenos em geral. Porque, por exemplo, um pequeno que nem a gente vai ali corta meio salaminho de chão, meio salaminho de mato, porque a gente não agüenta fazer uma roça grande mesmo. Corta meio salaminho de mato e o Florestal vai e cata a gente e se ele não pagar multa até preso vai. Agora o grande que derruba 100 e 200 alqueires, quantidade grande de mato, é tudo que derruba, não vai."

Disse tudo!!!

Retirado de: A política do reconhecimento dos "remanescentes das comunidades dos quilombos". Miriam de Fátima Chagas. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-71832001000100009&script=sci_arttext

quinta-feira, 20 de maio de 2010

sejamos inteiros

“Duas bolas, por favor!”
Texto de Danuza Leão


Não há nada que me deixe mais frustrada do que pedir sorvete de sobremesa,
contar os minutos até ele chegar e aí ver o garçom colocar na minha frente
uma bolinha minúscula do meu sorvete preferido. Uma só.

Quanto mais sofisticado o restaurante, menor a porção da sobremesa.
Aí a vontade que dá é de passar numa loja de conveniência, comprar um litro de sorvete bem cremoso e saborear em casa com direito a repetir quantas
vezes a gente quiser, sem pensar em calorias, boas maneiras ou moderação.

O sorvete é só um exemplo do que tem sido nosso cotidiano.

A vida anda cheia de meias porções, de prazeres meia-boca, de aventuras pela metade. A gente sai pra jantar, mas come pouco. Vai a festa de casamento, mas resiste aos bombons.

Conquista a chamada liberdade sexual, mas tem que fingir que é difícil (a imensa maioria das mulheres continua com pavor de ser rotulada de ‘fácil’).

Adora tomar um banho demorado, mas se contém pra não desperdiçar os recursos do planeta.

Quer beijar aquele cara 20 anos mais novo, mas tem medo de fazer papel ridículo.

Tem vontade de ficar em casa vendo um DVD, esparramada no sofá, mas se obriga a ir malhar. E por aí vai.

Tantos deveres, tanta preocupação em ‘acertar’, tanto empenho em passar na vida sem pegar recuperação…

Aí a vida vai ficando sem tempero, politicamente correta e existencialmente sem-graça,enquanto a gente vai ficando melancolicamente sem tesão…

Às vezes dá vontade de fazer tudo ‘errado’.
Deixar de lado a régua, o compasso, a bússola, a balança e os 10 mandamentos.

Ser ridícula, inadequada, incoerente e não estar nem aí pro que dizem e o que pensam a nosso respeito. Recusar prazeres incompletos e meias porções.

Até Santo Agostinho, que foi santo, uma vez se rebelou e disse uma frase mais ou menos assim: ‘Deus, dai-me continência e castidade, mas não agora’….

Nós, que não aspiramos a santidade e estamos aqui de passagem, podemos (devemos?) desejar várias bolas de sorvete, bombons de muitos sabores, vários beijos bem dados, a água batendo sem pressa no corpo, o coração saciado.

Um dia a gente cria juízo.
Um dia.
Não tem que ser agora.

Por isso, garçom, por favor, me traga: cinco bolas de sorvete de chocolate, um sofá pra eu ver 10 episódios do ‘Friens’(1), uma caixa de trufas bem macias e o Antônio Banderas, nu, embrulhado pra presente. OK?

Não necessariamente nessa ordem.

Depois a gente ve como é que faz pra consertar o estrago…

(Ps: (1)Eu troquei "Law & order" por "Friends" e o "Richard Gere" pelo "Antônio Banderas", por questão de gosto pessoal... E amor, me desculpe, o Banderas é lindo e foi só pra manter o humor do texto tá?)

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Vergonha


Em 17 de abril de 1996, há 14 anos e dois dias atrás, nosso país presenciou mais um, entre tantos, episódios de violência e intolerância contra aqueles que lutam, contra a população menos favorecida economicamente. Infelizmente, essa intlorância continua e a tentativa de criminalizar os movimentos sociais é o rostoda intolerância e a violência. Aqueles que deveriam proteger todos os cidadãos, "protegem" apenas uma pequena minoria que detém o capital econômico, passando por cima da imensa maioria que sofre e luta para tentar conquistar seus direitos mínimos de cidadania, garantidos pela CF 88 e por inúmeros tratados internacionais, mas não cumpridos, por irem contra os interesses econômicos daquela mesma minoria. Para que não seja esquecido:

1996 - Crime e impunidade no Pará
17/04/2008 - 06:00 | Enviado por: Lucyanne Mano



O país das chacinas de Carandiru (1992), Candelária (1993), Vigário Geral (1993), e Corumbiara (1995), viu-se diante de um novo massacre. Determinados a desobstruir a rodovia PA-150, que liga Belém ao sul do Pará, ocupada por um manifesto dos sem-terra em Eldorado dos Carajás, a 650 km da capital do estado, cerca de 150 policiais militares, liderados pelo coronel Pantoja de Oliveira, mataram 19 pessoas, em 20 minutos de ação.

Trabalhadores rurais protestavam contra o atraso na desapropriação de terras para fins de reforma agrária, quando foram surpreendidos pelo cerco policial. Um grupo veio pelo lado de Marabá e outro pelo lado de Parauapebas. Segundo testemunhas, policiais teriam chegado atirando, dando início ao confronto. A versão policial alegou que a operação começou com bombas de efeito moral, e somente após serem rechaçados com armas de fogo os militares responderam disparando contra os manifestantes. A tentativa fracassada de resistir à investida policial, deu lugar à barbárie com sucessivas execuções.

Tiros na testa e marcas de pólvora no rosto indicavam que as mortes foram à queima-roupa. Entre os mortos havia uma criança de três anos. Pelo menos 50 pessoas foram feridas. Nenhum policial.

Na noite do massacre o governador do Pará, Almir Gabriel, afastou o coronel Pantoja. O ministro da Agricultura, Andrade Vieira, pediu demissão da pasta. Na semana seguinte, o Governo Federal confirmou a criação do Ministério da Reforma Agrária. Foi indicado Raul Jungmann, então presidente do Instituto Brasileiro de Agricultura e Meio Ambiente, para o cargo de ministro.

Passados doze anos do Massacre de Eldorado dos Carajás, o crime continua impune.

Um território de tensão e insegurança
Os impasses sobre a questão da reforma agrária na região se mantém até os dias de hoje. Parauapebas, vizinha a Eldorado dos Carajás, vive clima de insegurança e tensão. Garimpeiros e integrantes do Movimento dos Sem-Terra estão de prontidão em acampamentos, e ameaçam invadir a Estrada de Ferro Carajás, usada pela Vale para transportar minério de ferro, combustíveis e passageiros.

Eles marcaram para hoje uma manifestação em protesto em memória às vítimas do Massacre de Eldorado do Carajás. O governo do Pará direcionou 500 policiais para garantir a ordem no local.

Fonte:http://www.jblog.com.br/hojenahistoria.php?catid=186&blogid=57&archive=2008-04

terça-feira, 18 de maio de 2010

quintanares (4) num dia de chuva...




imagem de: http://invasaobarbaradicas.blogspot.com/2009/08/guarda-chuva-e-sombrinhas.html

“Os guarda-chuvas perdidos... Aonde vão
parar os guarda-chuvas perdidos? E os botões
que se desprenderam? E as pastas de papéis,
os estojos de pincenê, as maletas esquecidas
nas gares, as dentaduras postiças, os pacotes
de compras, os lenços com pequenas economias,
aonde vão parar todos esses objetos
heteróclitos e tristes? Não sabes? Vão parar
nos anéis de Saturno, são eles que formam,
eternamente girando, os estranhos anéis desse
planeta misterioso e amigo.”


Mário Quintana



imagem de: http://voglioparlare.wordpress.com/tag/guarda-chuva/

segunda-feira, 17 de maio de 2010

152 Anos de Santa Maria

Hoje é aniversário da Cidade de Santa Maria-RS. Hoje o coração do Rio Grande bate mais forte. Santa Maria é uma cidade extremamente acolhedora, simpática, divertida, diversificada, grande com ares de interior; enfim, só quem conhece pode dizer. Vivi quatro anos nesta cidade, meus quatro anos de jovem universitária de Ciências Sociais, primeira experiência fora da casa dos pais. Lá eu aprendi muito, cresci e devo muito a esta cidade, a este povo maravilhoso, do que sou hoje. SANTA MARIA, TE AMO PRA SEMPRE. ACOLHEDORA DE JOVENS UNIVERSITÁRIO, ÉS NOSSA TERRA, SEMEADORA DE NOSSOS SONHOS JUVENIS. SANTA MARIA, PRA SEMPRE TE CARREGO COMIGO, NO MEU CORAÇÃO.
Pra encerrar, uma poesia de meu grande amigo Guilherme Passamani:

Meu monumento estradas e trilhos.
Minha saudade este tempo que vai,
este cerrito, estes montes me guardam
e, ainda aguardam se um dia eu voltar pra ti!
Santa Maria me guarda estes montes
que em tuas fontes há som de oração
Santa Maria da Boca do Monte
Pra ti meu canto acalanto e canção

Sociologia no Ensino Médio

Matéria:
Jovens estudam as relações sociais

> Veículo: Gazeta do Povo
> Data: 27/4/2010
> Repórter: Tatiana Duarte

O estudo da Sociologia deixou de ficar restrito a poucos brasileiros que ingressavam no ensino superior e optavam por um curso na área de humanas. Conceitos de clássicos pensadores como Karl Marx, Émile Durkheim e Max Weber também são discutidos por jovens estudantes do ensino médio. A possibilidade veio de uma legislação que entrou em vigor no ano passado e prevê a implantação gradativa da disciplina nos três anos do ensino médio até o ano que vem. Por enquanto, todas as escolas brasileiras são obrigadas a ofertar a matéria em pelo menos dois anos do currículo. A inserção da ciência que estuda as relações sociais no conteúdo da escola tem agradado. A estudante do segundo ano do ensino médio do curso Positivo Amanda Zanellato Tavares, 15 anos, considera importante saber como funcionam as relações nas sociedades. “Aprender Sociologia faz com que a gente cresça com uma consciência de vida em sociedade mais bem formada”, diz.

A estudante participa de um projeto que relaciona o conceito de cultura e sociedade e estuda a religiosidade presente nos hospitais. O projeto de estudo faz parte do plano pedagógico do Colégio Positivo. Em vez de uma hora aula da disciplina por semana, conforme prevê a lei, os estudantes se reúnem uma vez por mês no contraturno por quatro horas. Além de ter acesso à teoria, os 1,2 mil alunos dos primeiro e segundo anos do ensino médio também recebem profissionais convidados para proferir palestras. De acordo com a coordenadora do Departamento de So ciologia do Positivo, Vera Lúcia Molin Siqueira, cada aluno fará parte de um grupo que irá realizar pesquisa de campo que resultará num trabalho científico. São 12 eixos temáticos disponíveis para objeto de estudo. “A nossa ideia é aliar teoria com a prática. Todo este desenho do projeto tem o objetivo de fazer os alunos perceberem por que a Sociologia é importante”, diz.

Antes da lei - Em algumas instituições, a Sociologia veio antes mesmo da obrigatoriedade imposta pela legislação. É o caso dos colégios Dom Bosco, Novo Ateneu e da rede estadual pública de ensino. No Novo Ateneu, os alunos estudam Sociologia em pelo menos uma das séries do ensino médio desde 2006. No ano passado, a disciplina passou a fazer parte do currículo dos três anos que compõem o ensino médio. Para a coordenadora do Novo Ateneu, Eneide Cordeiro Moreira, o conteúdo sociológico ajuda os adolescentes a enxergar o mundo de outra maneira. “Eles aprendem a argumentar e podem se inserir cada vez mais como cidadãos participativos”, diz.

O professor de Sociologia Syllas da Fonseca ressalta que a disciplina foi retirada dos currículos escolares durante o regime militar. Um movimento restrito às faculdades, na década de 90, passou a pressionar pelo retorno da disciplina. “A Sociologia ajuda a formar cidadãos mais conscientes e críticos, que vão brigar contra a má gestão pública e corrupção”, diz. No Colégio Dom Bosco, a Sociologia passou a integrar o currículo do ensino médio em 2008, quando a Universidade Federal do Paraná (UFPR) começou a cobrar este tipo de conteúdo no vestibular, segundo conta o diretor-geral do ensino médio, Artur Xavier. Na rede pública estadual de ensino, a Sociologia foi implantada em 2004 e já estava presente em pelo menos um dos três anos do ensino médio desde 2007.

De acordo com a chefe do Departamento de Educação Básica da Secretaria de Estado da Educação do Paraná, Mary Lane Hutner, foi criada uma equipe de Sociologia para trabalhar a formação dos professores e construir as diretrizes curriculares. Mary Lane diz que em breve será necessário abrir concurso para professor de Sociologia com formação específica. “A rotatividade é muito grande”, diz. Segundo ela, a presença da disciplina no ensino médio é fundamental para a formação de cidadãos mais críticos. “A discussão que ocorre na escola é a reflexão do mundo em que vivemos, dos temas que são pertinentes e estão no auge de nossa sociedade, tudo com sustentação teórica.”

Meu comentário:
A matéria é interessante e a experiência desse colégio positivo parece promissora. A questão não é a obrigatoriedade da sociologia no ensino médio (apesar de isso já ser um passo), mas sim, o conteúdo e o profissional (que deve ser um sociólogo, antropólogo, cientista social), que devem estar de acordo com a sociologia. Minhas aulas de sociologia no ensino médio eram sempre ministradas pela professora que tava com horas sobrando e saí de lá sem a mínima noção do que era sociologia; muito tempo depois, quando minha mãe foi cursar o ensino médio, na mesma escola, teve aula de sociologia com uma pedagoga que nunca na vida tinha lido nenhum dos três clássicos básicos e não tinha noção nenhuma do que era sociologia. Meu namorado, de outra cidade, também reclama das mesmas coisas sobre as aulas de sociologia (as três experiências são em escolas públicas). Enfim, e aí? Adianta a sociologia ser obrigatória quando qualquer um pode ministrar as aulas? Espero que a legislação, que ainda é recente e como a gente sabe que acontece no país, demora para ser efetivamente implantada, faça com que se mude esse quadro e que as experiências relatadas, todas no ensino privado, também se estenda às escolas públicas.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

sem palavras


Foto de João Zinclar. Ilustra o relatório da Comissão Pastoral da Terra sobre conflitos agrários e violência no campo em 2009.

Dica de filme

Esses dias vi no Space um filme excelente, que discute a questão da água diante do aquecimento global e coloca em cheque a contradição entre o interesse da empresas privadas (economia) que tem o apoio velado do governo e o interesse pelo bem estar da população. Uma região da Alemanha passa por uma terrível onda de calor e uma cientista, com base em seus relatórios tenta enfrentar a todos para evitar uma tragédia. O filme é muito bom, mas dificílimo de achar. No canal, passou com o nome "Onda de Calor (Heat Wave)", mas depois de horas de pesquisas no google, na qual não encontrava o dito cujo do filme, nem em pesquisas em português nem em inglês, resolvi traduzir o título pro alemão (e eu não entendo naaaaadaaaaa de alemão) e cheguei a palavra "Hitze" e com essa, consegui achar sites (um em inglês com pouca informação, e outro em alemão, que só reconheci pelas fotos) que trouxeram enfim, o nome original do filme: "Die Hitzewelle - Keiner kann entkommen". É, esses nomes alemães são enormes. E pelo jeito esse filme é daqueles produzidos pra TV. Mas como é o bom cinema alemão, é de excelente qualidade.
Enfim, segue os sites para quem quer mais informações e quer se arriscar no alemão:

http://www.sat1.de/filme_serien/filme/content/28085/

http://www.kino.de/kinofilm/die-hitzewelle-keiner-kann-entkommen/108480.html

http://www.imdb.de/title/tt1179270/combined

quinta-feira, 13 de maio de 2010

O Mágico de Oz

Estes dias tive o imenso prazer de assistir, no TCM, O Mágico de Oz, musical de 1939, possivelmente um dos primeiros filmes coloridos já feito. Perfeito, não teria outra palavra pra descrever. Quem puder, que assista e deixe seu coração sonhar... qualquer um de nós podemos ir além do arco-íris.

mais uma vez...

Hoje (quarta-feira) eu não havia postado nada, mas enfim, resolvi falar... a única coisa que me veio na cabeça foi justamente aquilo que eu não queria estar escrevendo aqui.
Mais uma vez, hoje, aqui em Teutônia, um marido matou a jovem esposa, além de ter colocado uma arma na cabeça da filha do casal, de 10 anos, que foi salva graças a um vizinho que acabou baleado, e baleado o sogro e a sogra, um casal de idosos. O motivo do assassinato: a esposa pediu a separação.
Há poucos dias atrás, vimos o casal de nordestinos migrantes, jovens, no qual o marido matou a esposa e despachou numa mala, no rio. O motivo do assassinato: a esposa pediu a separação.
Há pouco tempo, um jovem rapaz entrou no salão de beleza e matou a ex-esposa, que já havia denunciado várias ameaças que o ex-companheiro havia lhe feito e nenhuma providência foi tomada. Por que ele a matou? Ela se separou dele.
No início do blog, eu narrei o caso que aconteceu em Teutônia, do homem que matou sua ex mulher na parada de ônibus. Por que? Ela se separou dele.
Ano passado a mídia armou o circo, com direito a vendedor de pipocas, para acompanhar o sequestro da jovem Eloá, que acabou morta nas mãos do ex namorado. Por que ele a matou? O fim do namoro.
São casos e mais casos que não param de acontecer, fora os que não ficamos sabendo; fora os que tentam atingir de outras formas, como o mecânico que se incendiou juntos com os três filhos pequenos, matando todos pra dar uma "lição" na sua mulher, como vimos em Porto Alegre semana passada. Não dá pra ficar parada diante de tal barbaridade. A violência contra a mulher se torna algo banal e cada caso desses só dá vontade de gritar: AAAAHHHHAHHHHHAHAHHHAHAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHAHAHHHHHHHHHHAHHHAHHHAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHAHAAAAAAAAAHHHHAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHAAAA
Onde isso vai parar? É preciso reagir e já!!!! Até quando vamos ver essa barbárie, onde o direito de separação se torna uma ameaça a vida? Eu fico muito triste, cada caso desses é um pedaço em mim que morre. Não sei mais o que dizer e nem o que pensar. Lei Maria da Penha, aplicada na íntegra, já

terça-feira, 11 de maio de 2010

As migrações no Brasil

As migrações no Brasil

Por Luiz Bassegio e Luciane Udovic*

O Brasil, com cerca de 180 milhões de habitantes, tem 81% de sua população vivendo no mundo urbano. As grandes capitais possuem cinturões de pobres e de desempregados, sendo os jovens os mais atingidos. Na sua maioria, são migrantes e filhos de migrantes provenientes do mundo rural, nas décadas passadas, vítimas de um modelo de desenvolvimento centralizador que concentrou em poucas mãos as terras, o capital e as indústrias. Temos também a migração temporária para o corte da cana e colheita de laranja, café e algodão, e as migrações dos países próximos ao Brasil como Bolívia, Paraguai e Peru.

Por outro lado, há quase três milhões de brasileiros que emigraram para o exterior, sendo um milhão nos Estados Unidos, trezentos mil no Paraguai e Japão, além de dezenas de milhares na Espanha, Portugal, Itália, França e Inglaterra.

A causa profunda é uma globalização que não distribui riquezas, que globaliza o acesso livre aos mercados, mas não é solidária; elimina barreiras comerciais, mas impede a circulação das pessoas, defende o livre mercado como um direito, mas dificulta ainda mais o acesso aos direitos básicos; globaliza-se a miséria, mas não o progresso; a dependência e não a soberania, a competividade e não a solidariedade (Manifesto do Grito dos Excluídos - 2002).

A expansão e a crescente mecanização do setor canavieiro têm gerado maior exploração da força de trabalho. Principalmente em São Paulo, a maior parte do corte da cana é realizada por trabalhadores migrantes, principalmente do Nordeste e do Vale do Jequitinhonha em Minas Gerais. A Pastoral dos Migrantes estima que cerca de 200 mil trabalhadores migrantes se deslocam em São Paulo no período da safra de cana, laranja e café.

“Nadie es ilegal en donde quiere que viva”

Também explorados são os imigrantes latinoamericanos, sobretudo os bolivianos que trabalham no setor da costura em regiões centrais da cidade de São Paulo. São jovens aliciados diretamente da zona rural da Bolívia para a produção de roupas que são vendidas para todo o Brasil. Na capital paulista, há centenas de milhares deles, dos quais 40% em situação irregular. Muitas vezes acabam como escravos em oficinas de costuras na região central da capital, como Brás, Bom Retiro, Mooca, Vila Maria e Pari. A origem desta situação tem a ver com a realidade destes países dos quais muitos fogem em busca de melhores condições de vida e trabalho.

São muitos os relatos de pessoas recrutadas na Bolívia com anúncios de rádio e jornais enganosos que prometem emprego, moradia e salário. Chegando aqui a realidade é outra. Os primeiros seis meses de trabalho são para pagar o custo da viagem ao intermediário que os trouxe (gato ou coiote). Muitas vezes os passaportes são retidos e há ameaça de denúncia à polícia caso o imigrante não cumpra as exigências do intermediário. Passados 3 meses, o imigrante tem seu visto de turista vencido e torna-se um “indocumentado”.

O mais grave de tudo é a impossibilidade de exigir direitos, seja pela dificuldade da língua, ou pelo fato de estarem indocumentados e submetidos a uma lei de estrangeiros que é autoritária, xenofóbica, restritiva e ainda uma fábrica que produz indocumentados.

Não costumam delatar os patrões. E sequer imaginam estar sendo explorados. Não é incomum ouvi-los dizer que preferem trabalhar no Brasil a trabalhar na Bolívia. Famílias inteiras, em condição ilegal, aceitam trabalhar e viver em oficinas de costura. Preferem trabalhar até 17 horas por dia a ficar desempregados em seu país.

A Nova Lei dos Estrangeiros

O anteprojeto da Nova Lei dos Estrangeiros, que tramita no Congresso Nacional, é extremamente seletivo do ponto de vista econômico e não resolve a situação dos trabalhadores imigrantes indocumentados. Para isto, basta enumerar as diversas categorias privilegiadas que são mencionadas no artigo 11 e que poderão vir ao Brasil: estudo (ensino fundamental, médio, curso de graduação e pós graduação); artista e desportista; administrador, gerente, diretor, executivo de sociedade civil ou comercial, grupo ou aglomerado econômico; correspondente de jornal, revista, rádio, televisão ou agência estrangeira de notícias; ministro de confissão religiosa voluntário; dirigente de organização não governamental ou de pesquisa; marítimo ou técnico embarcado em navio de carga, turismo ou pesca.

Realidade planetária, o fenômeno migratório apresenta-se como contraditório e complexo. Indesejados e “necessários” os migrantes fazem parte da lógica da mobilidade forçada, imposta pelo capital, que exclui, descarta, atrai, inclui precariamente, explora, massifica e reprime.

Por estas e outras razões, queremos uma integração que contemple os aspectos sócio-econômicos, políticos, e culturais. Neste sentido, o Mercosul não pode ser apenas um tratado econômico e comercial. Reivindicamos também uma nova Lei dos Estrangeiros: a atual é ultrapassada, xenofóbica e com resquícios da ditadura militar. É necessária uma nova lei, uma anistia geral, o direito à residência, direito de ir e vir na região (não só para o capital financeiro) e ter os direitos reconhecidos em todos os países da região.

Além disso, a crescente interdependência, causada pela dinâmica atual da globalização, começa a evidenciar a conveniência, e a necessidade, de definir o que já passou a se denominar de “cidadania universal”. Cada vez mais emerge a necessidade de se reconhecer a todo ser humano um direito explícito de “cidadania universal”, pelo simples e fundamental fato de ser membro da família humana, com direito a ocupar o seu espaço vital e a contribuir com sua presença e atuação.

O fenômeno migratório aponta para a necessidade de repensar o mundo não mais baseado na competitividade, mas na solidariedade; não na concentração, mas na repartição; não no fechamento das fronteiras, mas na cidadania universal. Um mundo baseado não no consumo desenfreado, mas numa sociedade sustentável, onde haja lugar e vida digna para todos e todas.

* Luiz Bassegio e Luciane Udovic são da Secretaria do Grito dos/as Excluídos/as Continental

Piadinha (mas é verdade)

Exercícios práticos para treinamento de futuros papais e mamães.O treinamento é grátis e deve ser feito por aqueles que
pretendem ter filhos.
(vai lendo... rs....)

Vestindo a roupinha:
Compre um polvo vivo de bom tamanho e vá colocando, sem machucar a criatura, nesta ordem: fralda, blusinha, calça,
macaquinho, sapatinhos, casaquinho e touquinha. Não é permitido amarrar nenhum dos membros.
Tempo de execução da tarefa: uma manhã inteira.
(imaginei a carinha do polvo com touquinha... rsrsrsrsrsrsrs....)
Comendo sopinha:
Faça um buraquinho num melão, pendure-o no teto com um barbante comprido e balance-o vigorosamente. Agora tente enfiar a
colherinha com a sopa no buraquinho. Continue até ter enfiado pelo menos metade da sopa. Despeje a outra metade no seu
colo. Não é permitido gritar. Limpe o melão, limpe o chão, limpe as paredes, limpe o teto, limpe os móveis à volta. Vá
tomar um banho.

Tempo para execução da tarefa: uma tarde inteira.
(hahahahahahahahaha... não é permitido gritar... hahahahahahahahaha)
Passeando com a criança:
Vá para a pracinha mais próxima. Agache-se e pegue uma bituca de cigarro. Atire-a fora, dizendo com firmeza: não!
Agache-se e pegue um palito de picolé sujo. Atire-o fora, dizendo com firmeza: não! Agache-se e pegue um papel de bala.
Atire fora o papel de bala, dizendo com firmeza: não! Agache-se e pegue uma barata morta. Atire fora a barata morta,
dizendo com firmeza: não! Faça isso com todas as porcarias que encontrar no chão da pracinha.
Tempo para execução: o dia inteiro.

Passando a noite com o bebê:
Pegue um saco grande de arroz e passeie pela casa com ele no colo das 20 às 21h. Deite o saco de arroz. Às 22h pegue
novamente o saco e passeie com ele até às 23h. Deite o saco e vá se deitar. Levante à 1h30 e passeie com o saco até às
2h. Deite o saco e você. Levante às 2h15 e vá ver a sessão corujão porque não consegue mais pegar no sono. Deite às 3h.
Levante às 3h30, pegue o saco de arroz e passeie com ele até as 4h15. Deitem-se os dois (cuidado para não usar o saco de
travesseiro). Levante às 6:00 e pratique o exercício de alimentar o melão. Nao é permitido chorar.
(hahahahahahaha... alimentar o melão às 6 da manhã... hahahahahaha... sem chorar!!!!)
Repita tudo pelo menos cinco vezes.
Repita a palavra não a cada 10 minutos, fazendo o gesto com o dedinho.
Gaste uma pequena parcela do seu orçamento (90%) com leite em pó, fraldas, brinquedos, roupinhas.

Passe semanas a fio sem transar, sem ir ao cinema, sem beber, sem sair com amigos.
Não é permitido enlouquecer!

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Neruda pra uma segunda-feira com chuva...

Saudade

Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já...

Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida...

Saudade é sentir que existe o que não existe mais...

Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam...

Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.

E esse é o maior dos sofrimentos:
não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.

O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido.

Pablo Neruda


Ps:Não estou triste. Achei bonito o poema. Estou com saudades. Achei bonito o poema.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Campanha contra o Muro da Vergonha

Apoiando essa importante e inteligente campanha contra esse vergonhoso muro que querem construir ao redor da favela da Maré.

quinta-feira, 6 de maio de 2010











E HOJE EU VOU ESTAR LÁÁÁÁ! FELICIDADE DE ESTREIANTE, ANSIEDADE E MEDO, DEVIDO A MÁ FASE. POR FAVOR, MEU TIME, NÃO ME DECEPCIONE!!!

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Almoçando com o Leica 1: estudo etnográfico sobre um grupo de fotógrafos amadores de Porto Alegre

Com todo carinho, minha dissertação de mestrado, a quem tiver interesse/tempo de ler. Defendida em 17/04/08, sob orientação da Prof. Dra. Maria Eunice Maciel, com colaboração do Prod.Dr. Caleb Faria Alves.


Almoçando com o Leica 1: estudo etnográfico sobre um grupo de fotógrafos amadores de Porto Alegre


Resumo: Esta dissertação investiga um grupo de fotógrafos amadores chamado Leica 1. A convivência no grupo faz com que seus encontros sejam motivados não só pela fotografia, mas também pela amizade que os envolve. Diante disso, desenvolve-se uma sociabilidade na qual se compartilha dos mais diversos assuntos cotidianos. A fotografia é, muitas vezes, um suporte e mesmo motivadora da memória. O grupo Leica 1 fotografa, registra, lembra, conta e faz a história, sendo arte ou sendo documento ou sendo uma arte-documento. Por isso, este é um trabalho construído pela convivência, pelas lembranças, pelas fotografias e pelas múltiplas vozes que são testemunhas e agentes da história da cidade de Porto Alegre, da história da fotografia e de muitas outras histórias.


Link para acessar o texto completo: http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/13382

terça-feira, 4 de maio de 2010

Shakespeare, rápidas e rasteiras


Nunca poderá ser ofensivo aquilo que a simplicidade e o zelo ditam.

Que é o homem, se sua máxima ocupação e o bem maior não passam de comer e dormir?

 Ninguém poderá jamais aperfeiçoar-se, se não tiver o mundo como mestre. A experiência se adquire na prática.

A realidade é que não te amo com meus olhos que descobrem em ti mil falhas, mas com meu coração, que ama o que os olhos desprezam

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Licença Ambiental

Artigo interessante recebido por e-mail.

Dá licença, mermão!'

Artigo do leitor Cristiano Vilardo Nunes Guimarães


Hoje em dia falar mal do licenciamento ambiental é mais comum que enchente no Rio de Janeiro. Diz-se que é um entrave ao progresso, um ninho de ambientalistas radicais, trincheira dos "salvem-as-baleias" , enfim: é o supra-sumo da burocracia brasileira. Eita cartório difícil esse do IBAMA!

No entanto, é preciso colocar alguns pingos nos is de "licenciamento" . Para início de conversa, ao contrário de outros licenciamentos corriqueiros na nossa vida, o licenciamento ambiental não é um ato cartorial, de simples conferência de documentação. Na realidade, o licenciamento ambiental foi a forma encontrada no Brasil para implementar a Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) quando esta se difundiu pelo mundo ao longo da década de 1970.

Hoje, a Avaliação de Impacto Ambiental é adotada formalmente em mais de uma centena de países, incluindo todas as economias desenvolvidas e a grande maioria dos países "em desenvolvimento" . Muito além de uma burocracia, o papel da AIA é o de garantir a adequada consideração da variável ambiental nas propostas de desenvolvimento, evitando que decisões sejam tomadas sem o dimensionamento das suas consequências ambientais. O seu principal instrumento é o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) que, muito mais do que uma exigência do órgão licenciador, deveria ser um instrumento de auxílio ao planejamento de projetos mais amigáveis ao meio ambiente, identificando e avaliando os impactos e riscos do empreendimento e propondo as medidas de gestão ambiental a serem adotadas para minimizar os prejuízos ambientais.

Acontece que, infelizmente, essa perspectiva cartorial - do "tirar a licença" - é a que predomina entre o empresariado nacional e obviamente encontra bastante eco na cobertura da imprensa sobre o licenciamento ambiental. Os estudos ambientais muitas vezes são colagens de outros anteriores, realizadas por uma consultora sem possibilidade alguma de interferência no projeto, a qual foi escolhida porque ofereceu ao contratante o menor preço...

Voltando aos pingos no "is", vamos pensar o que é um licenciamento ambiental "bom"? Em uma primeira tentativa de aproximação, alguém poderia dizer que é aquele onde a avaliação dos impactos e riscos ambientais de determinado empreendimento pôde ser realizada na profundidade adequada, permitindo a proposição de mecanismos adequados de mitigação, compensação e monitoramento, e utilizando para isso o menor tempo possível ao menor custo global possível. Colou? Muito bem, agora, como se operacionaliza isso?

Não parece muito difícil... E se colocássemos profissionais qualificados, em quantidade suficiente, para analisar esses estudos? Hummm... E se esses profissionais, além de bem formados, fossem capacitados para avaliar os impactos de diferentes empreendimentos? Além disso, e se esse pessoal fosse adquirindo cada vez mais experiência no licenciamento, ganhando confiança para propor soluções mais eficientes e eficazes?

Pois então. Parece simples, não? Mas esqueceram de um detalhe: para isso dar certo, esse pessoal precisa querer trabalhar com licenciamento! E esse pessoal só vai querer trabalhar com licenciamento na medida em que esse trabalho for valorizado de acordo com a importância e responsabilidade nele embutidas!

A vida como ela é: no concurso de 2002, o primeiro da história do IBAMA, entraram cerca de 60 analistas de nível superior para trabalhar na Diretoria de Licenciamento Ambiental, em Brasília. Em sua maioria, profissionais qualificados, muitos com mestrado ou doutorado, que vieram para a sede do IBAMA vindos de diversas partes do Brasil. Sabem quantos destes analistas trabalham hoje na DILIC? Apenas um. Definitivamente, analista experiente no licenciamento é espécie em extinção.

A razão da evasão? Óbvia. A clara incompatibilidade entre a responsabilidade envolvida no processo de licenciamento ambiental e a desvalorização do servidor público dedicado a essa função. Por desvalorização englobamos uma série de questões que passam pelas condições adequadas de trabalho (computadores, capacitação, espaço de trabalho, bancos de dados, suporte jurídico etc.) e chegam, inexoravelmente, à questão salarial.

O analista ambiental, não só do IBAMA, mas também do ICMBio e do Ministério do Meio Ambiente, hoje está submetido a uma proto-carreira na qual o patamar salarial do nível mais alto disponível (final de carreira) é inferior ao nível salarial de entrada da carreira de Especialista em Recursos Hídricos/Geoprocessa mento da Agência Nacional de Águas, também vinculada ao MMA e com atribuições muito similares de regulação, controle, fiscalização e inspeção. E durma-se com um barulho desses...

Por conta dessa desvalorização, o trabalho no licenciamento ambiental no IBAMA tem se tornado um paradeiro temporário para o analista ambiental, mero compasso de espera enquanto se prepara para uma outra oportunidade que ofereça melhores condições de trabalho e de salário. Nesse cenário tenebroso, o tempo médio de permanência do profissional na Diretoria de Licenciamento Ambiental é de apenas 18 meses. Ora bolas! Como desenvolver excelência técnica, aprimorar e padronizar procedimentos, melhorar termos de referência com uma rotatividade dessas?

E é nesse contexto que chega o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), com diversos projetos de infraestrutura pelo Brasil adentro, demandando licenciamentos em prazos exíguos e jogando faísca nesse barril de pólvora que é o licenciamento ambiental federal. Não dá para dar certo. Qual a solução? Fortalecimento e valorização do licenciamento ambiental, para alcançar maior eficiência e eficácia no processo? Ilusão...

O que se viu nos últimos anos foi uma sucessão de "Destrava IBAMA", "Agiliza IBAMA", "Desocupa-a- moita IBAMA": pseudo-pacotes de medidas com finalidade puramente midiática e de nenhuma repercussão prática no dia a dia do licenciamento ambiental. Que, por sinal, continua sem implementar seu sistema informatizado de licenciamento - o SISLIC -, que já foi "lançado" oficialmente por uns 2 ou 3 presidentes do IBAMA e permanece empacado, sem uso.

São sintomas de que a própria política ambiental conduzida pelo governo encara o licenciamento numa perspectiva cartorial, de "carimbador- maluco". Aliás, instituiu-se no IBAMA o rodízio de diretores de Licenciamento: é um a cada hidrelétrica polêmica. Acabou seu turno, muito obrigado, próximo da fila!

Em síntese: quer licenciamento ambiental ágil e eficaz? Valorize o analista ambiental. Dê-lhe um salário compatível com o desafio de uma regulação de excelência. Forneça capacitação continuada e estimule o aprofundamento dos estudos em pós-graduação. Disponibilize modernos recursos de sistemas de informação para otimizar seu trabalho. Mantenha o profissional por um longo tempo na casa para que seu aprendizado seja incorporado pela instituição. Sem isso, dá licença, "mermão"!


Cristiano Vilardo Nunes Guimarães é analista ambiental do Ibama



domingo, 2 de maio de 2010

domingo...

Aos domingos as ruas estão desertas
e parecem mais largas.
Ausentaram-se os homens à procura
de outros novos cansaços que os descansem.
Seu livre arbítrio algremente os força
a fazerem o mesmo que fizeram
os outros que foram fazer o que eles fazem.
E assim as ruas ficaram mais largas,
o ar mais limpo, o sol mais descoberto.
Ficaram os bêbados com mais espaço para trocarem as pernas
e espetarem o ventre e alargarem os braços
no amplexo de amor que só eles conhecem.
O olhar aberto às largas perspectivas
difunde-se e trespassa
os sucessivos, transparentes planos.

Um cão vadio sem pressas e sem medos
fareja o contentor tombado no passeio.

É domingo.
E aos domingos as árvores crescem na cidade,
e os pássaros, julgando-se no campo, desfazem-se a cantar empoleirados nelas.
Tudo volta ao princípio.
E ao princípio o lixo do contentor cheira ao estrume das vacas
e o asfalto da rua corre sem sobressaltos por entre as pedras
levando consigo a imagem das flores amarelas do tojo,
enquanto o transeunte,
no deslumbramento do encontro inesperado,
eleva a mão e acena
para o passeio fronteiro onde não vai ninguém.

António Gedeão, Novos Poemas Póstumos, 1990(in Poesia Completa, Lisboa, Edições João Sá da Costa, 2a. Ed., 1997, p. 188).


Poema que aconteceu

Nenhum desejo neste domingo

nenhum problema nesta vida

o mundo parou de repente

os homens ficaram calados

domingo sem fim nem começo.

A mão que escreve este poema

não sabe o que está escrevendo

mas é possível que se soubesse

nem ligasse.

Carlos Drummond de Andrad

sábado, 1 de maio de 2010

Os bóias-frias... "Homenagem" ao dia do Trabalhador...

Ps: Ler ao som de Elis (vídeo abaixo)
Por ironia, coloco hoje dia 01 de Maio, feriado do Dia do Trabalhador, este relato de José Pedro Bon, bóia-fria do Oeste do Paraná, levado pelo "gato" para trabalhar numa fazenda da café em Mina Gerais (todos os direitos trabalhistas e humanos são desrespeitados e vemos a "escravidão moderna" se formando nas dívidas inexistente na qual o trabalhador, além de não receber, fica devendo ao fazendeiro):

Fui para Minas Gerais, pertinho de Araquari colhe café por causa da crise aqui em
São José, tá dficil, mantê a casa porque tá difícil. Fui para Minas por intermédio de
um homem chamado Celso. Esse homem ganhou muito dinheiro contratando nóis
pra trabalha lá. Fomo até lá por intermédio da Prefeitura. O prefeito pagou a
viagem. Eu não sei qual foi a intenção do prefeito pagar a nossa passagem de ida,
diz ele que pagou a passagem porque aqui em São José não tinha serviço, quis dar
uma mão para o pessoal a manter a família em casa. Quem levou colchão levou,
quem não levou dormia em cima de um cobertorzinho, pois ficamo olojados em
baraco em média sete pessoa cada quarto. Nóis era pra receber a cada final de meis.
Eu tirava em média uns seis, sete saquinho (40 kg) por dia. Nóis pagava trêis real
por dia de bóia: café, armoço e janta. Eu fiquei só 30 dias lá coliendo café, porque
nóis tratemo um preço aqui e quando chegamo lá o preço era outro. Ficou
combinado que do café pequeno seria pago trêis real o saquinho e o grande quatro
real. No café grande é mais dficil colhe, pois nóis tinha que subir com uma escada,
pois o pé de café chegava a ter quatro metros de altura. Quando chegamo lá ele
pagou um e cinqüenta pelo café pequeno e três o café grande. No final do meis deu
muita confusão porque o pessoal ficou discutindo com o valor do preço do café.
Eles não queriam pagar os dia que nóis trabalhemo, por que nóis queria vir pra
casa, e descontando a bóia e o pessoal foi muito sem roupa e o homem vendia
roupa na casa, e muitos ficaram individados. Todo mundo teve que compra
camiseta de manga comprida que custava a mais barata deiz real, porque si não
ninguém aguentaria colhe café, se machucava tudo. Como alguns foram daqui
arnados com facas e revólver, quase deu confusão. Tinha muita gente que chegava
a noite e ficava olhando pra nóis, eu acho que eles eram uns capanga do fazendeiro.
Muitos tiveram que ficar por lá, porque ficaram devendo nos bar e não tinham
como pagar a passagem de volta e o dono mesmo tinha um mercadinho lá. Para
mim não sobrou nada de dinheiro, cheguei aqui sem nenhum tostão. Os que ficaram
lá 120 dias chegaram aqui com mais ou menos 500 real e nóis costumava trabáia
da 6:30 da manhã até as 6:00 hora da tarde para não ganha quase nada.

Retirado de: Pedro Luiz Schnorr. A CONCENTRAÇÃO DA PROPRIEDADE DA TERRA, O PROCESSO MIGRATÓRIO E O COTIDIANO DOS “BOÍAS-FRIAS” E EX-“BÓIAS-FRIAS” NO
MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ DAS PALMEIRAS – PR.

Ps 1: marca sexta no post, mas já é sábado... (oh53)
Ps 2: Ler ao som de Elis (vídeo abaixo)
Por ironia, coloco hoje dia 01 de Maio, feriado do Dia do Trabalhador, este relato de José Pedro Bon, bóia-fria do Oeste do Paraná, levado pelo "gato" para trabalhar numa fazenda da café em Mina Gerais (todos os direitos trabalhistas e humanos são desrespeitados e vemos a "escravidão moderna" se formando nas dívidas inexistente na qual o trabalhador, além de não receber, fica devendo ao fazendeiro):

Fui para Minas Gerais, pertinho de Araquari colhe café por causa da crise aqui em
São José, tá dficil, mantê a casa porque tá difícil. Fui para Minas por intermédio de
um homem chamado Celso. Esse homem ganhou muito dinheiro contratando nóis
pra trabalha lá. Fomo até lá por intermédio da Prefeitura. O prefeito pagou a
viagem. Eu não sei qual foi a intenção do prefeito pagar a nossa passagem de ida,
diz ele que pagou a passagem porque aqui em São José não tinha serviço, quis dar
uma mão para o pessoal a manter a família em casa. Quem levou colchão levou,
quem não levou dormia em cima de um cobertorzinho, pois ficamo olojados em
baraco em média sete pessoa cada quarto. Nóis era pra receber a cada final de meis.
Eu tirava em média uns seis, sete saquinho (40 kg) por dia. Nóis pagava trêis real
por dia de bóia: café, armoço e janta. Eu fiquei só 30 dias lá coliendo café, porque
nóis tratemo um preço aqui e quando chegamo lá o preço era outro. Ficou
combinado que do café pequeno seria pago trêis real o saquinho e o grande quatro
real. No café grande é mais dficil colhe, pois nóis tinha que subir com uma escada,
pois o pé de café chegava a ter quatro metros de altura. Quando chegamo lá ele
pagou um e cinqüenta pelo café pequeno e três o café grande. No final do meis deu
muita confusão porque o pessoal ficou discutindo com o valor do preço do café.
Eles não queriam pagar os dia que nóis trabalhemo, por que nóis queria vir pra
casa, e descontando a bóia e o pessoal foi muito sem roupa e o homem vendia
roupa na casa, e muitos ficaram individados. Todo mundo teve que compra
camiseta de manga comprida que custava a mais barata deiz real, porque si não
ninguém aguentaria colhe café, se machucava tudo. Como alguns foram daqui
arnados com facas e revólver, quase deu confusão. Tinha muita gente que chegava
a noite e ficava olhando pra nóis, eu acho que eles eram uns capanga do fazendeiro.
Muitos tiveram que ficar por lá, porque ficaram devendo nos bar e não tinham
como pagar a passagem de volta e o dono mesmo tinha um mercadinho lá. Para
mim não sobrou nada de dinheiro, cheguei aqui sem nenhum tostão. Os que ficaram
lá 120 dias chegaram aqui com mais ou menos 500 real e nóis costumava trabáia
da 6:30 da manhã até as 6:00 hora da tarde para não ganha quase nada.

Retirado de: Pedro Luiz Schnorr. A CONCENTRAÇÃO DA PROPRIEDADE DA TERRA, O PROCESSO MIGRATÓRIO E O COTIDIANO DOS “BOÍAS-FRIAS” E EX-“BÓIAS-FRIAS” NO
MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ DAS PALMEIRAS – PR.