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segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Amor...

Escrevi este texto e trabalhei hoje na aula do Terceiro Ano (EM). A discussão foi muito interessante. O texto foi escrito as pressas e por isso, está sem bibliografia, mas enfim, Giddens, Baumann, etc, foram relidos.

Amor, sexo, paixão...

De onde vem o amor? Como surgiu? Em variadas idades, essa é uma pergunta que em algum momento surge na vida de cada um. Há inúmeros estudos sobre este sentimento humano tão avassalador, controverso, angustiante. Algum tipo de amor é certo que existe desde pelo menos o processo de humanização do homem, mesmo que não houvesse uma definição exata deste sentimento. Um amor a deus ou aos deuses, amor fraterno entre aqueles que estavam vivendo no grupo. Mas o amor, romântico, relação amorosa entre dois seres, de sexo diferente ou igual, quando surgiu? A partir de agora nos deteremos neste sentimento, de amor romântico, tão naturalizado na nossa sociedade contemporânea.
Há muitas teorias sobre o surgimento desse sentimento. Alguns dizem que existe há mais de mil anos, que desde a invenção da escrita, há papiros egípcios testemunhando alguma espécie de romantismo. Outros o associam a algo surgido mais recente, entre fins do século XVI e início de XVII, associado a obra de W. Shakespeare, sendo "Romeu e Julieta" os primeiros protagonistas desse sentimento idealizado e até aquele momento, impossível.
Milhares de anos ou centenas, não há ao certo como saber, mas pode-se afirmar que nas civilizações conhecidas antes do século XIX todos os casamentos, pelo menos aqueles a que foi possível estudar, eram realizados visando interesses dos mais diversos, mas principalmente financeiros. Não se questionava se havia o amor romântico entre o casal; o casamento era escolhido e programado pela família.
Na sociedade Ocidental (Europa e suas influências), na segunda metade do século XIX a atenção, nas classes burguesas passa a se voltar para os valores individuais, sendo que o ser humano (apenas os homens, importante ressaltar) passa a ser valorizado na sua individualidade, tendo agora mais possibilidade de fazer suas próprias escolhas. A escolha do par amoroso passa a ter alguma liberdade, porém ainda bastante limitada a escolha de pares entre a mesma classe social. A maioria das escolhas era protagonizada pelos homens, sendo que as mulheres, na sua condição de ser romântico, casto e idealizado, cabia ser conquistada e corresponder de forma carinhosa ao seu parceiro. Ou seja, o homem, tanto na conquista quanto na sexualidade assumia o papel ativo, enquanto a mulher era condicionada a passividade. Sabe-se que casamentos onde as famílias escolhiam os pares aconteceram até princípios do século XX, mas como já foi dito, a partir do século XIX, na maioria dos casos havia maior liberdade para o desenvolvimento do amor romântico, agora já não mais proibido, como nos séculos de Romeu e Julieta. Havia sempre uma grande vigília masculina sobre a sexualidade feminina: nos primeiros anos de sua juventude, era realizada pelo pai e irmãos, que a deviam mante-la virgem; após o casamento, era feita pelo marido, que devia assegurar a sua fidelidade, sendo que em muitos casos era permitido punir com a morte a esposa infiel. No Brasil essa lei valeu ainda nas primeiras décadas do século XX, sendo conhecida como "defesa da honra". O adultério masculino sempre foi socialmente aceito.
A mulher passa a ter um papel mais ativo nas suas escolhas amorosas e sexuais principalmente a partir da década de 1960. É nesta década que eclodem a maioria dos movimentos feministas (muitas manifestações de mulheres tentando sua independência e algumas poucas conquistas já haviam sido feitas ao longo dos séculos, mas esta década simboliza o auge da luta feminina). Neste período, a invenção da pílula anticoncepcional foi um símbolo de luta pela liberdade e independência sexual. Com ela, a mulher podia controlar sua fecundidade, fugindo a vigília masculina. Muitos acontecimentos de rebeldia e mudança ocorriam ao mesmo tempo em todo o Ocidente, mas eles serão mais detalhados no estudo do tema "contracultura".
Hoje em dia, o amor romântico não é mais questionado e sim, aceito como algo da "natureza humana". As escolhas sexuais poucas vezes são limitadas, principalmente entre os jovens (ainda que a mulher ainda sofra muito com a violência contra o seu gênero em nome desta liberdade). Apaixonar-se e desapaixonar-se pode ocorrer várias vezes ao longo da vida, ou muitas vezes num mesmo ano; ter um parceiro sexual para a vida inteira, ou quantos se achar necessário para a busca do prazer e felicidade, tornou-se unicamente uma escolha pessoal, pela qual apenas o indivíduo pode decidir. Os valores e escolhas individuais estão cada vez mais sendo respeitados.
A sexualidade, que até pouco tempo era tratada com todo o pudor, vigília e tabus, hoje em dia ganha espaço amplo na vida pública, sendo debatida nas escolas, políticas públicas de saúde, medicina, nos meios de comunicação e é algo tratado (em algumas sociedades ao menos) com maior esclarecimento e menos vergonha, sendo estudado desde a infância. Em muitos casos, a política "falar é melhor que esconder", é tida como uma máxima de prevenção de vários riscos ao qual a sociedade está exposta, como as DST’s, gravidez precoce, etc. Os adolescentes estão começando sua sexualidade cada vez mais cedo e o número de parceiros é cada vez maior, então não tratar do assunto é negar uma realidade escancarada.
Contudo, nossa sociedade das crises (de identidade, de respostas, etc) acaba esvaziando também este sentimento do amor. O sexo, em alguns casos, passa a ser vazio de sentido, tornando-se uma experiência banal, um hábito compulsivo, uma busca por algo que não se sabe o que é. Há muitas pessoas que se consideram viciadas em sexo, fazem tratamentos psiquiátricos para isso e participam de grupos de apoio, que funcionam nos mesmo moldes dos Alcoólicos Anônimos. Há pessoas que não vêem sentido em suas relações sexuais, mas vivem numa busca incessante por parceiros, sentindo aí um poder de domínio e um sentimento de vazio após cada relação, não conseguindo, devido a sua compulsão, criar nenhum tipo de laço.
A sociedade humana ocidental está abalada por esta falta de laços; os vínculos são cada vez mais fluidos, rápidos; até as relações amorosas muitas vezes se resumem a encontros breves sem nenhuma expectativa de continuidade. Mas isso não é somente um traço negativo. Naqueles que não caem nas relações vazias, no vício e na compulsão, a liberdade de escolhas e a não-necessidade de laços para a realização sexual pode ter algumas vantagens. O indivíduo, como já dito, tem maior liberdade para ir atrás da própria felicidade. O "felizes para sempre" ou "até que a morte os separe" torna-se para muitos algo a ser buscado, mas não mais uma obrigação. Não há nada que prenda alguém a um único parceiro para o resto da vida. A maioria dos relacionamentos começam ao acaso, sem compromissos e expectativas. As pessoas mantém-se juntas enquanto a satisfação, a felicidade e o prazer for possível para ambos; se for "para sempre" que bom; se não der certo, todos tem a chance de partir para um próximo relacionamento. O amor e a satisfação andam juntos e são uma busca constante até que se possa atingir a sua plenitude.
E o "mercado amoroso" é extremamente amplo. A busca de parceiros pode acontecer de várias formas, na vida real ou virtual. O número crescente de agências de encontros, de sites de relacionamentos mostra quão ampla é essa escolha. Os sites de relacionamentos podem apenas alimentar esta busca incessante e viciosa de conquistas vazias, mas também podem propiciar satisfações tão amplamente buscadas. Há muitas narrativas de relacionamentos duradouros que iniciaram pela internet.
Concluindo: amor, sexo, paixão é uma busca individual, iniciada cada vez mais cedo, mas que se estende ao longo da vida. É permeada de sentidos e escolhas individuais, mas que tem sempre como centro a realização pessoal, em conjunto com a realização do parceiro. Este é pelo menos, o ideal da sociedade contemporânea.

sábado, 28 de agosto de 2010

Super Eu...

"Deixa tudo em forma é melhor não ser
Não tem mais perigo digo já não sei "
(Luiz Melodia)

Mil coisas pra fazer. A cabeça a mil. Mil ideias. Difícil é colocá-las no papel, na prática. Algumas vezes, o excesso paralisa. É preciso parar, respirar, pensar, organizar... Tentar dar um mínimo de cronologia as ações; a cabeça tá uma bagunça em processo de organização; com metas e tempo para cumprir...

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Primeiras experiências de profe!

As primeiras aulas que tive com as turmas de Ensino Médio (Sociologia e Filosofia) foram interessantes e produtivas. A maioria dos estudantes parece ter alguma capacidade crítica, importante de ser trabalhada e valorizada. O material didático limita um pouco algumas coisas, mas o negócio é tentar ir sempre muito além do material. Enfim, são adolescentes e precisam ser instigados com assuntos que lhes desperte curiosidade. Claro, são um pouco barulhentos, mas até agora, não parecem impossíveis. A questão é amizade, liberdade com limites e responsabilidades. A teoria está estudada e entendida. Agora é ver como as coisas são na prática.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Adeus ao Vô Zequinha!

Precisamos ter força e coragem para enfrentar esta difícil perda, de nosso amado Zéquinha, vô, bisavô, pai, sogro, amigo, irmão...
Espero que todos guardem dele as boas lembranças, os sorrisos, as músicas, o "Telefone Mudo", as pescarias, o cafézinho e o peixe frito, os namoros, e toda a alegria e sabedoria que este ser iluminado nos trouxe. Exemplo de vida e vitalidade, parte aos 88 (quase 89 anos) com uma vida rica e plena, que iluminou e inspirou a todos ao seu redor. É alguém que deixa sua marca, sua herança (que supera qualquer valor financeiro), que não apenas passou pela vida...

Quanto a mim, dedico a ele dois poemas:

Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!
Mário Quintana


CANTO AO GAITEIRO MORTO

Ari Pinheiro

O tempo estava quieto lá fora...
O véu sebruno da noite
estendera um tapete
de luto no pago...

No céu as estrelas
bordavam silentes
uma colcha de luz
pra cobrir o finado...

...Uma ponta de tropa
de nuvens ariscas
espiava de longe
no lado poente
e em respeito ao defunto
recolheu-se ao tranquito
mugindo sua dor
nos capões do infinito...

No imenso galpão do universo
o Patrão dos Patrões ordeva os encargos –
- Agoem a sala e ascendam os candeeiros
preparem gamelas com fiambre campeiro
e avisem a todos que o baile é dos bons!

Num esquife de tábuas
repousa sereno
o corpo cansado
do velho gaiteiro...

No topo de um banco
a gaita parceira
soluça em silêncio
velando seu dono...

No bojo do fole
se agitam segredos
querendo saltar
através dos botões...

E os baixos saudosos
das mãos de veludo
na quietude da noite
parecem gritar:

- Levanta gaudério
me toma nos braços
e num jogo de fole
faz troça da morte!
- Diz que é só por farra
outro caso maleva
apenas um susto
que estás a nos dar...

Mala suerte o destino!

Um homem que nasce com o dom de encantar
não devia morrer
e deixar na orfandade
os acordes sagrados
que os palcos do pago
ajudaram a nascer...

- Mas o rosto calado
de tantos campeiros
gritam outras verdades
nesta noite cruel...

- Não é mais um sonho
não é mais um causo
não é mais um susto
que o velho nos deu...

... Se foi o gaiteiro
calou-se a cordeona ...
E a voz dos bugios
perdeu o maestro!

Tranqueia por certo
na estrada divina
que leva as bailantas
dos pagos de cima...

Não mais se verão
aqueles dedos ligeiros
tirando do fole
um gaguejar bochincheiro.

E as grossas pestanas
- sua marca sagrada –
farão piruetas
nos bailes do céu ...

Só resta pra nós
conservar esta arte
que pra o velho afinal
era quase um brinquedo ...
E o mais xucro segredo
herdado dos ancestrais
e que a morte leva o corpo
mas a alma, esta não morre jamais...

Das seivas de uns
renascem os outros
trazendo na estampa
o entono das taitas
e os novos acordes
serão gritos antigos
das almas que voltam
no bufo das gaitas!

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Portas abertas

Agora, além de recenseadora, também professora do Cenec. Assumo semana que vem, aí entro em maiores detalhes sobre essa nova experiência/oportunidade. Portas abertas!!!

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Quanto custa rechear seu currículo lattes

Quanto custa rechear seu Currículo Lattes
Marcelo Spalding


Essa não é uma coluna sobre cultura, é sobre educação. Mas o que tem mais a ver com a cultura do que a educação?

Todo estudante universitário já ouviu falar do Currículo Lattes, todo aspirante a Mestre ou Doutor decerto já fez o seu e àqueles com pretensões acadêmicas é imprescindível atualizar seu Lattes pelo menos duas vezes por ano. O Lattes é critério quase universal para seleções de programas de pós-graduação do Brasil e do exterior, além de ser fundamental nas bancas de contratação de professores universitários em concursos e editais. Mantido pelo CNPq, é uma forma democrática de centralizar as informações acadêmicas de todo país, permitindo aos pesquisadores encontrar colegas de áreas afins e, a quem seleciona, avaliar a produção científica do aspirante à vaga.

Os críticos dizem que o Lattes transforma todo o esforço intelectual dos pesquisadores em quantidade, em números, simplificando e até ridicularizando uma produção eminentemente qualitativa. Ocorre que no final do Lattes há uma tabela informando quantos artigos foram publicados, quantos livros ou capítulos de livros, de quantos congressos o fulano participou. Mas até aí nenhuma novidade, se você começou a ler este texto provavelmente já sabe o que é e como funciona o Currículo Lattes. A novidade é que um bom Lattes tem preço.

Com o crescimento dos cursos de pós-graduação no Brasil e o amadurecimento da Plataforma Lattes, a corrida por "qualificação" tem sido grande, e a lógica quantitativa acaba incentivando a formação de um verdadeiro "mercado acadêmico". Já havia percebido isso ao me inscrever em um congresso, no meu caso o da ABRAPLIP, mas poderia ser de qualquer área e em qualquer lugar. Se você quer que seu trabalho seja apresentado, antes da inscrição deve enviar um resumo e aguardar o aceite. Elaborei o resumo, nas normas que exigiam, e o submeti. Em poucas semanas, um e-mail informa que o trabalho foi aprovado, e o ingênuo aqui fica feliz da vida: vai no site, preenche a ficha de inscrição, imprime o boleto, paga no banco a taxa de cento e poucos reais (há eventos de R$ 300,00, R$ 500,00, e por aí afora, especialmente se você for da área de Medicina ou Direito). No dia da minha apresentação no evento, a surpresa: havia cinco pessoas na sala: um professor e quatro apresentando trabalhos. Público para quê? Discussão para quê? Afinal, dali sairemos com um certificado (enviado por e-mail), um CD-ROM e um número a mais no Lattes!

Evidentemente, a proporção não é um por um, mas tão evidente quanto é que os congressos hoje estão inchados com dezenas de apresentações de trabalhos, e o aceite desses é uma mera formalidade. Um trabalho medíocre será aprovado se não comprometer o evento e o autor lá estará, enquanto um aluno excelente que faça um artigo excelente mas por algum motivo não possa pagar a inscrição, ah, esse não estará lá. Afinal, sai caro um bom Lattes...

Mas vamos além, afinal de contas, poucos dos que se aventuram em cursos de pós-graduação não teriam dinheiro para a inscrição de um evento desses. E a passagem? E o hotel? E férias, para quem não tem bolsa? Sim, porque se você tiver pretensão de dar aula na USP, na UFRJ ou na UFRGS, é bom sua vida acadêmica não ficar restrita a Cacimbinhas, é bom você ter ido aos eventos nacionais mais importantes da sua área, ter contatos, viajar. E não espere algum desconto especial para viagens acadêmicas por parte das companhias aéreas. Muito menos bolsas oferecidas pelos cursos de pós-graduação, a não ser em raríssimos ― e discutíveis ― casos. Afinal, sai caro um bom Lattes...

Infelizmente, não é só isso. Estávamos tão acostumados a participar de congressos e pagar por isso, estamos tão satisfeitos em aproveitar esses eventos para fazer turismo pelo Brasil (ah, claro, ninguém acha que o controle de presença nesses eventos seja muito rigoroso, né?) que nem percebemos o quão injusta é essa lógica do "pagando bem, que mal tem". Quero ir além. De uns tempos para cá, tem se tornado comum no Brasil pagar pela publicação de artigos! Sim, os artigos científicos, tão puros, tão imparciais, tão citados como referência do conhecimento pela mídia, pelos nossos professores, publicá-los também tem um preço, e bem salgado.

Ainda não havia me acontecido isso, mas uma amiga da área da Enfermagem ousou submeter seu artigo de conclusão de curso para a Revista Gaúcha de Enfermagem e, adivinhem, o artigo foi aceito para a publicação com uma condição: ela e as outras duas autoras do artigo deveriam ser assinantes da revista para essa publicação, e, claro, isso tem um custo: R$ 130,00. Cento e trinta! Fiquei pensando se já aconteceu de alguém enviar artigo e ele não ser aceito, afinal cenzinho é cenzinho...

Pensei em reclamar para a UFRGS que uma revista com seu logotipo fizesse esse tipo de coisa, mas a Universidade está em férias. Entrei em contato, então, com a Ouvidoria do Ministério da Ciência e Tecnologia, a fim de denunciar esse tipo de abuso num país e numa universidade que lutam pela inclusão acadêmica de negros e pobres. A resposta, conclusiva, me fez perceber que o Lattes realmente tem preço:

Prezado Marcelo,
A cobrança para publicação de artigos é prática frequente na área internacional, inclusive porque alguns periódicos científicos são bancados pelos próprios autores. A informação, pelos custos que envolve, resulta cara. No Brasil, esta prática ainda não está amplamente disseminada mas já é praticada, principalmente na área médica.
No caso específico, segundo sua informação, o pagamento não é propriamente pelo artigo, mas para que ela se torne sócia da revista. Sugerimos que consulte a política editorial do periódico, que deve estar impressa na própria revista ou no seu site. A política editorial informa quais são os critérios utilizados para seleção e publicação de artigos.
Nada obstante, caso ela não concorde com o critério, pode submeter seu artigo a outros periódicos que não exijam contrapartida financeira. Seguramente na sua área de especialização existem vários em todo o Brasil.
Atenciosamente,
Ouvidoria-Geral do MCT

Indignado, entrei em contato com minha orientadora de graduação, uma professora muito amiga, Doutora em Comunicação. E aí a professora me lembrou de que quando terminou seu Doutorado, recebeu pelo menos cinco cartas a parabenizando e a convidando a publicar seu belíssimo trabalho em livro. Mas, é claro, um livro acadêmico é sempre importante e, afinal, sai caro um bom Lattes. Caro quanto? Cinco mil reais.

Não posso concordar com essa lógica, e me surpreende que entidades como a UNE fiquem mais preocupadas com o preço da passagem de ônibus do que com esse tipo de descalabro. Não é novidade alguma que a seleção para os cursos de pós-graduação passam por critérios pessoais, políticos, nada objetivos, e no momento que se cria uma ferramenta para tornar a escolha um pouco mais democrática, admitiremos que essa ferramenta sirva para privilegiar os estudantes com mais poder aquisitivo? Sem demagogia, dessa forma algum pobre que entrou na universidade pelas cotas ou pelo Pró-Uni conseguirá ingressar em Mestrados e Doutorados a partir desse critério mercantilista?

Para mim, o caso é muito grave. São essas pessoas com Lattes recheados que irão lecionar nas universidades federais e particulares (e há aos borbotões), são elas que irão formar os futuros médicos, advogados, jornalistas, professores? E quais os valores que essa geração acadêmica tem a passar? O valor do "quanto mais, melhor", do "quem pode mais, chora menos"? E essa realidade, todos sabem, se reflete desde o Ensino Fundamental, onde as creches e escolas públicas são cada vez mais abandonadas e as particulares proliferam e profissionalizam- se. Mas aí já é assunto para outra crônica...

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Quando a máscara cai

Quando a máscara cai
(10/7/2010) Estado.com.br
Jorge Forbes

Perdidos de sua identidade, jogadores se alienam em personalidades forjadas e em um sentimento de ilimitação

É dessas fotos que ficam no imaginário coletivo: Pelé aos 17 anos, campeão do mundo, chorando no ombro do grande Gilmar, que o ampara, o consola, o anima, o conforta. Passados não mais de 52 anos, a reprodução dessa cena é quase impensável. Se o garoto Neymar tivesse sido campeão do mundo nos seus atuais 18 anos, como muitos queriam, em que ombro choraria de emoção, se é que choraria? No de Dunga, velho e bravo campeão; no de Kaká, veterano de outras copas e acostumado aos aplausos? Não, não parece a ninguém factível a repetição daquela cena protagonizada por Pelé e Gilmar nos campos da Suécia. Meninos de hoje não choram mais nos ombros de seus ancestrais, meninos de hoje não têm ancestrais. A sociedade pós-moderna pulveriza as verticalidades e não provê acolhimento das angústias nas hierarquias verticais, nos mais velhos, nos mais experientes, nos que já passaram por isso. O resultado está aí. A série que deveria ser descoberta, sucesso, fama, dinheiro, conforto e satisfação tem sido descoberta, sucesso, fama, dinheiro, mulheres, drogas, violência, desastres, prisão ou ostracismo.

Podemos pensar em uma explicação paradigmática, além das particularidades de cada caso, o que o mais das vezes só anda tampando o sol com a peneira: foi o pai violento, a mãe alcoólatra, as más companhias, a péssima educação, o irmão psicopata, etc. Ocorre que a saída da pobreza e do anonimato para a riqueza e a fama, subitamente, gera uma forte crise de identidade. Ter sucesso é cair fora; na palavra sucesso existe a raiz ceder, cair. Quem tem sucesso cai fora do seu grupo habitual de pertinência. Tom Jobim não tinha razão quando dizia que o brasileiro não desculpava o sucesso, pois nenhum povo desculpa, só variam as maneiras de demonstrá-lo. A máxima de Ortega y Gasset ainda é válida: Eu sou eu e a minha circunstância. E quando a minha circunstância muda abruptamente, fica a pergunta profundamente angustiante: Quem sou eu?, que fundamenta a crise de identidade.

Aí, com frequência, a pessoa se aliena em uma identidade forjada, aquela que fica bem na fotografia, a máscara; surge assim o mascarado. Quantos e quantos jogadores de futebol não se transformaram em mascarados diante dos nossos olhos? E a coisa não para por aí. A máscara não é suficiente para dominar a angústia causada pelo sucesso, vindo, em seguida, um sentimento terrível de ilimitação, de poder tudo. Quer alguma coisa, compra; quer um amor, toma; quer ter razão, impõe. Esse sentimento de quebra de fronteiras pede um basta que não raramente aparece da pior forma: no insulto, no acidente, na morte. Alguns têm a sorte de passar por um desastre controlável e depois conseguem se recuperar, carregando beneficamente a cicatriz de sua desventura, mas muitos e muitos vão e não voltam.

Não pensemos que a solução está no treinamento de ombros amigos, como os do passado, dado em lições risíveis de moral e cívica extraídas dos panfletos de neorreligiões televisivas, ou de jornalistas histriônicos que se querem baluartes da dignidade social. O que entendemos necessário é um trabalho com todos os grupamentos que convivem com esse fenômeno de mudança de status repentina, dos quais as equipes de futebol são um exemplo maior, um trabalho que saiba tratar do problema da perda de identidade como foi aqui referida.

No mundo de hoje, um mundo horizontal sem baluartes fixos, sem Gilmares para as pessoas se apoiarem, é necessário que possamos oferecer novos tratamentos às crises de identidade que se multiplicam. Se o tratamento não reside mais em se mirar no exemplo do ídolo da geração anterior, o que temos a fazer é implicar cada um em seu ponto de vergonha essencial, aquele que a fama não recobre e que o dinheiro não compra, um ponto de vergonha que todo ser humano carrega em si por ter nascido e não saber muito bem o que faz por aqui, por se sentir um acontecimento sem explicação. Pois bem, não deixemos ninguém se acomodar no empobrecedor e perigoso eu sou o máximo. Fiquemos com a lição do próprio futebol, de que cada partida é uma nova partida, sem piloto automático, sem já ganhou, sem triunfalismo. Fica a recomendação para os técnicos do futuro: mais invenção com responsabilidade e menos repetição com disciplina.

JORGE FORBES É PSICANALISTA. PRESIDE O INSTITUTO DA PSICANÁLISE LACANIANA E DIRIGE A CLÍNICA DE PSICANÁLISE DO CENTRO DO GENOMA HUMANO, DA USP

http://www.ccr.org.br/a_noticias_detalhes.asp?cod_noticias=10763

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

A dor de perder um amigo...

Em primeiro lugar, peço aos meus amigos humanos que me perdoem ou me entendam.
Esta postagem é um desabafo de um coração entristecido com uma perda ainda recente; como disse, em poucas palavras anteriormente, Feijão morreu. Morreu nas rodas assassinas de um carro em altíssima velocidade, como costumam, infelizmente, andar boa parte dos motoristas que passam pela minha rua. Estava próximo a calçada, quase acostamento, o que me faz doer mais ainda, pensando que a maldade humana pode ser tanta, a ponto de que alguém possa o ter atropelado propositalmente.
Agora estou aqui, há dois dias chorando a perda de meu grande amigo e companheiro de todas as horas. Toda a casa em clima de luto; todos sentem como se tivéssemos perdido um membro da família; "como se" não, Feijão era um membro da família. Alguns podem não compreender ou até criticar essa humanização dos animais domésticos, que faz com que choramos a dor da perda de um animal como choramos a perda de uma pessoa. Quanto a isso, só posso dizer que é melhor amar demais do que de menos; muitas pesquisas comprovam que a companhia de um animal ajuda a combater várias doenças, inclusive depressão; além de que muitos dizem que quem tem um animal de extimação é mais feliz. E com certeza Feijão nos fazia muito feliz. A presença dele na casa fazia muita diferença, e agora sem ele a casa está fazia. Não consegui dormir no meu quarto, onde ele dormia comigo, não consigo ir até a área onde gostava de tomar sol e onde fazia suas refeições; a dor é enorme, a casa parece vazia...
Temos que nos apegar as boas lembranças que estes três anos de convivência deixaram, a tudo de bom que ele trouxe a esta família, a todo o carinho que ele nos dedicou, as risadas que nos fez dar, a tudo que ele nos ensinou... Com certeza ele será, para nós inesquecível. Para nossa sorte deixou um legado; a gata da vizinha espera filhotes do nosso amado Feijão, e um ou dois deles virão para esta casa, preencher o vazio que seu pai deixou. Feijão é insubistituível, mas ter um filho seu junto a nós é uma forma de eternizar nosso menino. A dor, o tempo irá passar; o amor e o carinho serão para sempre. Enfim, já não consigo mais prosseguir por causa do choro. Desculpem, por isso, eventuais erros de português. Abaixo, em memória, uma foto de um momento feliz.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Uma voz para ninar os anjos...

Quando ouço Milton Nascimento tenho a impressão que ele veio ao mundo com a missão de cantar para ninar os anjos, tal é a suavidade serena da voz desse mineiro. Aliás, nunca fui a Minas Gerais, mas tenho adoração pelo estado e por todo o presente artístico e cultural que Minas nos deu. Não que os demais estados não o tenham feito, mas Minas tem um Q especial, uma Ouro Preto, Aleijadinho, Drummond, Lobato, Milton, 14 Bis, etc etc etc...
Mas voltando ao Milton e sua voz de ninar os anjos. Selecionei aqui quatro canções as quais gosto muito e vou falar um pouco sobre cada uma na ordem que aparecem. A primeira é "Outro Lugar", que é uma canção que fala de certa forma, de um amor que está longe e por isso, tem bastante haver com o que vivo com o Iuri. Depois vem "Nos Bailes da Vida" que me veio hoje a cabeça que tem bastante a ver com esse serviço de recenseadora, ir onde o povo está, em cada cantinho, cada pessoa... pena é ter que transformar cada uma em estatística, porque renderia muita "história social"... Já "Maria Maria" fala de muitas mulheres, não só brasileiras, mas no mundo, que lutam, que sorriem e choram, fala sobre o ser mulher numa forma poética (não que devemos nos contentar, sorrir, essencializar e aceitar, mas é preciso ver como as coisas são, mesmo quando se quer mudar), e por último, "Volver a los 17", uma parceria de Milton com Mercedez Sosas, a voz dos anjos e a voz das lutas, uma conciliação estrondosa, arrepiante, profunda, magnífica...







terça-feira, 3 de agosto de 2010

Primeiro dia de Censo!

Hoje foi meu primeiro dia de recenseadora. Fiz o censo pela manhã e voltei em algumas residências agora, no início da noite. Até agora o trabalho está ótimo, as pessoas recebem bem (inclusive com chima, agora a noite - nesse frio é bom demais!!), gostam de ser entrevistadas, compreendem a importância do trabalho (grande parte está informada sobre o trabalho pelos meios de comunicação) e algumas, principalmente os idosos, gostam de contar um pouco de suas vidas para além do questionário. E como é bom ouvir!! Como Antropóloga, acredito que tenho muito a ganhar com este trabalho de recenseadora; conhecer melhor meu município, seus habitantes, outras histórias... quem sabe até uma ideia de pesquisa possa surgir daí; quiçá para o doutorado, que me rodeia em dúvidas e mais dúvidas...

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Um pouco de Chico...

Quem não gosta do Chico, bom sujeito não é;
ou é ruim da cabeça ou é doente do pé...
Eu nasci ouvindo Chico e ouvindo me criei...
E do danado do Chico eu nunca me separei...