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sexta-feira, 15 de abril de 2011

"School shooting in Realengo"

"School shooting in Realengo"

DANIEL MACK e MELINA RISSO



Se hoje choramos, amanhã nós devemos pressionar as autoridades públicas para melhorar o controle sobre as armas produzidas no Brasil
Tendo importado o modelo do "school shooting" com o massacre em Realengo, o Brasil parece replicar outro aspecto desse tipo de tragédia. Com registros na Finlândia, no Iêmen, nos Estados Unidos, na Alemanha, na Argentina, no Canadá, na Escócia e na China, esse fenômeno já vitimou cerca de 300 pessoas desde 1996. Nesses casos, sempre há mais fascinação pelo "por quê?" do que pelo "como?".
Falar em "sociedade enferma", em "bullying" e em "esquizofrenia" não explica a história toda.
Wellington é o grande culpado e o único que poderia revelar o "por quê?". Mas falharemos se não analisarmos e reagirmos contra aspectos do "como" que podem evitar outras tragédias. O que permitiu que Wellington lograsse tamanha letalidade? Como alguém sem histórico criminal nem envolvimento com drogas conseguiu as armas de fogo e o recarregador?
Se hoje choramos, como fez comovida a presidente Dilma, amanhã devemos pressionar as autoridades públicas para melhorar o controle sobre as armas produzidas e em circulação no Brasil.
A maioria das armas de fogo usadas em homicídios no país -e a tragédia de Realengo é uma parte do problema que vitima anualmente mais de 30 mil pessoas- é brasileira! O revólver calibre 38 (como um dos que o atirador tinha), fabricado e vendido legalmente, é o vetor da epidemia de violência armada.
Segundo a CPI do Tráfico de Armas, 76% das armas usadas em crimes na cidade do Rio de Janeiro ao longo de dez anos eram nacionais.
A segunda arma usada pelo atirador, calibre 32, tinha proprietário legal e foi roubada; aqui, o mercado legal abastece o ilegal.
Nos EUA, na maioria das tragédias escolares, as armas foram compradas legalmente, dada a permissividade do país no tema.
No Brasil, comprar arma legalmente ficou mais difícil com o Estatuto do Desarmamento, mas outras medidas previstas no estatuto ainda não saíram do papel.
É preciso melhorar a qualidade das informações sobre armas em circulação e fiscalizar com mais rigor grupos e locais vulneráveis a desvios: colecionadores, atiradores, caçadores e empresas de segurança privada, além dos estoques em fóruns, corporações policiais ou batalhões das Forças Armadas.
É essencial também reduzir o número de armas no país, estimado em mais de 16 milhões. A campanha de desarmamento voluntário deve voltar, assim como ações policiais de apreensão de armas ilegais.
No Congresso Nacional, muitos se manifestaram pelo fortalecimento do controle de armas. Legislar a partir de tragédias nunca será uma boa solução para a segurança pública, mas, em momentos em que a legislação pode ser decisiva, o Congresso não deve se calar.
Portanto, os parlamentares preocupados com a segurança dos brasileiros devem ser os maiores defensores do Estatuto do Desarmamento, impedindo que a "bancada da bala", cujas campanhas são financiadas pela indústria de armas, desvirtue o estatuto, tentando conceder porte para várias categorias e flexibilizar requisitos para comprar armas. Nossa comoção deve ser o combustível para ações concretas nas esferas administrativas, políticas e legislativas.
Não à toa, na Alemanha, na Escócia e no Canadá medidas mais rígidas de controle de armas foram tomadas após ataques em escolas.
Não devemos eximir nenhum dos partícipes ocultos da tragédia -nem permitir que nossa apatia prevaleça. É hora de agirmos para reverter o quadro de homicídios que entristece o país.
DANIEL MACK é coordenador da área de controle de armas do Instituto Sou da Paz.
MELINA RISSO é diretora do Instituto Sou da Paz.

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