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quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Adeus ao Vô Zequinha!

Precisamos ter força e coragem para enfrentar esta difícil perda, de nosso amado Zéquinha, vô, bisavô, pai, sogro, amigo, irmão...
Espero que todos guardem dele as boas lembranças, os sorrisos, as músicas, o "Telefone Mudo", as pescarias, o cafézinho e o peixe frito, os namoros, e toda a alegria e sabedoria que este ser iluminado nos trouxe. Exemplo de vida e vitalidade, parte aos 88 (quase 89 anos) com uma vida rica e plena, que iluminou e inspirou a todos ao seu redor. É alguém que deixa sua marca, sua herança (que supera qualquer valor financeiro), que não apenas passou pela vida...

Quanto a mim, dedico a ele dois poemas:

Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!
Mário Quintana


CANTO AO GAITEIRO MORTO

Ari Pinheiro

O tempo estava quieto lá fora...
O véu sebruno da noite
estendera um tapete
de luto no pago...

No céu as estrelas
bordavam silentes
uma colcha de luz
pra cobrir o finado...

...Uma ponta de tropa
de nuvens ariscas
espiava de longe
no lado poente
e em respeito ao defunto
recolheu-se ao tranquito
mugindo sua dor
nos capões do infinito...

No imenso galpão do universo
o Patrão dos Patrões ordeva os encargos –
- Agoem a sala e ascendam os candeeiros
preparem gamelas com fiambre campeiro
e avisem a todos que o baile é dos bons!

Num esquife de tábuas
repousa sereno
o corpo cansado
do velho gaiteiro...

No topo de um banco
a gaita parceira
soluça em silêncio
velando seu dono...

No bojo do fole
se agitam segredos
querendo saltar
através dos botões...

E os baixos saudosos
das mãos de veludo
na quietude da noite
parecem gritar:

- Levanta gaudério
me toma nos braços
e num jogo de fole
faz troça da morte!
- Diz que é só por farra
outro caso maleva
apenas um susto
que estás a nos dar...

Mala suerte o destino!

Um homem que nasce com o dom de encantar
não devia morrer
e deixar na orfandade
os acordes sagrados
que os palcos do pago
ajudaram a nascer...

- Mas o rosto calado
de tantos campeiros
gritam outras verdades
nesta noite cruel...

- Não é mais um sonho
não é mais um causo
não é mais um susto
que o velho nos deu...

... Se foi o gaiteiro
calou-se a cordeona ...
E a voz dos bugios
perdeu o maestro!

Tranqueia por certo
na estrada divina
que leva as bailantas
dos pagos de cima...

Não mais se verão
aqueles dedos ligeiros
tirando do fole
um gaguejar bochincheiro.

E as grossas pestanas
- sua marca sagrada –
farão piruetas
nos bailes do céu ...

Só resta pra nós
conservar esta arte
que pra o velho afinal
era quase um brinquedo ...
E o mais xucro segredo
herdado dos ancestrais
e que a morte leva o corpo
mas a alma, esta não morre jamais...

Das seivas de uns
renascem os outros
trazendo na estampa
o entono das taitas
e os novos acordes
serão gritos antigos
das almas que voltam
no bufo das gaitas!

2 comentários:

Boris disse...

Um grande abraço forte, e um sentimento forte de apoio, fica bem....
ABRAÇÃO!

Leti Abreu e Mimoso disse...

Obrigada!