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sábado, 1 de maio de 2010

Os bóias-frias... "Homenagem" ao dia do Trabalhador...

Ps: Ler ao som de Elis (vídeo abaixo)
Por ironia, coloco hoje dia 01 de Maio, feriado do Dia do Trabalhador, este relato de José Pedro Bon, bóia-fria do Oeste do Paraná, levado pelo "gato" para trabalhar numa fazenda da café em Mina Gerais (todos os direitos trabalhistas e humanos são desrespeitados e vemos a "escravidão moderna" se formando nas dívidas inexistente na qual o trabalhador, além de não receber, fica devendo ao fazendeiro):

Fui para Minas Gerais, pertinho de Araquari colhe café por causa da crise aqui em
São José, tá dficil, mantê a casa porque tá difícil. Fui para Minas por intermédio de
um homem chamado Celso. Esse homem ganhou muito dinheiro contratando nóis
pra trabalha lá. Fomo até lá por intermédio da Prefeitura. O prefeito pagou a
viagem. Eu não sei qual foi a intenção do prefeito pagar a nossa passagem de ida,
diz ele que pagou a passagem porque aqui em São José não tinha serviço, quis dar
uma mão para o pessoal a manter a família em casa. Quem levou colchão levou,
quem não levou dormia em cima de um cobertorzinho, pois ficamo olojados em
baraco em média sete pessoa cada quarto. Nóis era pra receber a cada final de meis.
Eu tirava em média uns seis, sete saquinho (40 kg) por dia. Nóis pagava trêis real
por dia de bóia: café, armoço e janta. Eu fiquei só 30 dias lá coliendo café, porque
nóis tratemo um preço aqui e quando chegamo lá o preço era outro. Ficou
combinado que do café pequeno seria pago trêis real o saquinho e o grande quatro
real. No café grande é mais dficil colhe, pois nóis tinha que subir com uma escada,
pois o pé de café chegava a ter quatro metros de altura. Quando chegamo lá ele
pagou um e cinqüenta pelo café pequeno e três o café grande. No final do meis deu
muita confusão porque o pessoal ficou discutindo com o valor do preço do café.
Eles não queriam pagar os dia que nóis trabalhemo, por que nóis queria vir pra
casa, e descontando a bóia e o pessoal foi muito sem roupa e o homem vendia
roupa na casa, e muitos ficaram individados. Todo mundo teve que compra
camiseta de manga comprida que custava a mais barata deiz real, porque si não
ninguém aguentaria colhe café, se machucava tudo. Como alguns foram daqui
arnados com facas e revólver, quase deu confusão. Tinha muita gente que chegava
a noite e ficava olhando pra nóis, eu acho que eles eram uns capanga do fazendeiro.
Muitos tiveram que ficar por lá, porque ficaram devendo nos bar e não tinham
como pagar a passagem de volta e o dono mesmo tinha um mercadinho lá. Para
mim não sobrou nada de dinheiro, cheguei aqui sem nenhum tostão. Os que ficaram
lá 120 dias chegaram aqui com mais ou menos 500 real e nóis costumava trabáia
da 6:30 da manhã até as 6:00 hora da tarde para não ganha quase nada.

Retirado de: Pedro Luiz Schnorr. A CONCENTRAÇÃO DA PROPRIEDADE DA TERRA, O PROCESSO MIGRATÓRIO E O COTIDIANO DOS “BOÍAS-FRIAS” E EX-“BÓIAS-FRIAS” NO
MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ DAS PALMEIRAS – PR.

Ps 1: marca sexta no post, mas já é sábado... (oh53)
Ps 2: Ler ao som de Elis (vídeo abaixo)
Por ironia, coloco hoje dia 01 de Maio, feriado do Dia do Trabalhador, este relato de José Pedro Bon, bóia-fria do Oeste do Paraná, levado pelo "gato" para trabalhar numa fazenda da café em Mina Gerais (todos os direitos trabalhistas e humanos são desrespeitados e vemos a "escravidão moderna" se formando nas dívidas inexistente na qual o trabalhador, além de não receber, fica devendo ao fazendeiro):

Fui para Minas Gerais, pertinho de Araquari colhe café por causa da crise aqui em
São José, tá dficil, mantê a casa porque tá difícil. Fui para Minas por intermédio de
um homem chamado Celso. Esse homem ganhou muito dinheiro contratando nóis
pra trabalha lá. Fomo até lá por intermédio da Prefeitura. O prefeito pagou a
viagem. Eu não sei qual foi a intenção do prefeito pagar a nossa passagem de ida,
diz ele que pagou a passagem porque aqui em São José não tinha serviço, quis dar
uma mão para o pessoal a manter a família em casa. Quem levou colchão levou,
quem não levou dormia em cima de um cobertorzinho, pois ficamo olojados em
baraco em média sete pessoa cada quarto. Nóis era pra receber a cada final de meis.
Eu tirava em média uns seis, sete saquinho (40 kg) por dia. Nóis pagava trêis real
por dia de bóia: café, armoço e janta. Eu fiquei só 30 dias lá coliendo café, porque
nóis tratemo um preço aqui e quando chegamo lá o preço era outro. Ficou
combinado que do café pequeno seria pago trêis real o saquinho e o grande quatro
real. No café grande é mais dficil colhe, pois nóis tinha que subir com uma escada,
pois o pé de café chegava a ter quatro metros de altura. Quando chegamo lá ele
pagou um e cinqüenta pelo café pequeno e três o café grande. No final do meis deu
muita confusão porque o pessoal ficou discutindo com o valor do preço do café.
Eles não queriam pagar os dia que nóis trabalhemo, por que nóis queria vir pra
casa, e descontando a bóia e o pessoal foi muito sem roupa e o homem vendia
roupa na casa, e muitos ficaram individados. Todo mundo teve que compra
camiseta de manga comprida que custava a mais barata deiz real, porque si não
ninguém aguentaria colhe café, se machucava tudo. Como alguns foram daqui
arnados com facas e revólver, quase deu confusão. Tinha muita gente que chegava
a noite e ficava olhando pra nóis, eu acho que eles eram uns capanga do fazendeiro.
Muitos tiveram que ficar por lá, porque ficaram devendo nos bar e não tinham
como pagar a passagem de volta e o dono mesmo tinha um mercadinho lá. Para
mim não sobrou nada de dinheiro, cheguei aqui sem nenhum tostão. Os que ficaram
lá 120 dias chegaram aqui com mais ou menos 500 real e nóis costumava trabáia
da 6:30 da manhã até as 6:00 hora da tarde para não ganha quase nada.

Retirado de: Pedro Luiz Schnorr. A CONCENTRAÇÃO DA PROPRIEDADE DA TERRA, O PROCESSO MIGRATÓRIO E O COTIDIANO DOS “BOÍAS-FRIAS” E EX-“BÓIAS-FRIAS” NO
MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ DAS PALMEIRAS – PR.

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